A irmã do ditador Kim Jong-un vai visitar a Coreia do Sul durante a Olimpíada de Inverno, na primeira vez desde o fim da guerra em 1953 que uma pessoa do clã que comanda a Coreia do Norte irá até o país vizinho.
O Ministério da Reunificação sul-coreano anunciou nesta quarta-feira (7) que Kim Yo-jong fará parte da delegação norte-coreana que vai acompanhar a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos na sexta (9), que acontecem na cidade sul-coreana de PyeongChang. Os dois países irão desfilar juntos no evento.
A visita também será a estreia no palco internacional de Yo-jong, que vem ganhando poder desde que seu irmão assumiu o comando do país em 2011. Em outubro de 2017, ela foi promovida para o Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, o órgão máximo da sigla que comanda o país e que presidido por seu irmão mais velho.
Os dois são filhos do ditador Kim Jong-il (1941-2011) e sua terceira mulher, a ex-dançarina Ko Yong-hui (1952-2004). Yo-jong tem por volta de 30 anos, mas sua data exata de nascimento não é conhecida. Ela atualmente ocupa o cargo de vice-diretora do Departamento de Propaganda e Mobilização do partido, responsável por difundir a ideologia defendida pelo governo.
Além dela, a delegação norte-coreana será formada também por Kim Yong-Nam, presidente do Parlamento e número dois do regime, Choe Hwi, que comanda a comissão de esportes no país, e Ri Son-gwon, responsável pelas recentes negociações com Seul, além de outras autoridades de menor escalão.
O governo sul-coreano disse que a presença de Yo-jong na Olimpíada é "significativa". "Isto mostra que o Norte está disposto a diminuir a tensão na península coreana", afirmou o porta-voz da Presidência, Kim Eui-kyeom.
Para analistas, Yo-jong é uma das pessoas mais próximas ao ditador Kim e uma das poucas autoridades que podem falar em seu nome.
Assim, a presença norte-coreana na abertura da Olimpíada é mais um passo na reaproximação recente entre Seul e Pyongyang, que começou quando Kim Jong-un disse em seu discurso de Ano Novo que pretendia enviar atletas para a competição.
A Coreia do Sul respondeu elogiando a medida e convidado os vizinhos para um encontro, que deu início a retomada das conversas entre os dois lados.
A visita, porém, pode causar uma disputa diplomática entre Seul e Washington, já que ela está numa lista feita pelo Departamento de Estado americano de pessoas acusadas de censura e abusos de direitos humanos na Coreia do Norte.
Outro problema é a presença na delegação de Choe, que atualmente está proibido de viajar segundo uma decisão do Conselho de Segurança da ONU.
Além dos norte-coreanos, deverão estar na cerimônia de abertura o presidente sul-coreano Moon Jae-in, o premiê japonês Shinzo Abe e o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, além de outros líderes mundiais.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.