Macri repisa agenda reformista em discurso ao Congresso na Argentina

Segurança e controle da inflação, hoje acima dos 20%, estão na pauta do presidente

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, junta as mãos enquanto anuncia o corte de cargos de confiança em um dos salões da Casa Rosada, em janeiro
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, junta as mãos enquanto anuncia o corte de cargos de confiança em um dos salões da Casa Rosada, em janeiro - Analia Garelli - 29.jan.2018/Télam/Xinhua
Sylvia Colombo
Buenos Aires

O presidente argentino, Mauricio Macri, abre nesta quinta (1º) as atividades do Parlamento local com um discurso conciso em que deve ressaltar que as decisões centrais de sua gestão neste ano serão de caráter interno.

Preocupa o governo seu índice de popularidade em queda (perdeu cerca de 10 pontos desde a eleição legislativa de outubro), e há insatisfação por causa da inflação, dos aumentos nos preços dos serviços devido a cortes de subsídios e da reforma previdenciária.

Ainda assim, o governo insistirá que esse caminho vem dando resultados. Afinal, a Argentina cresceu 2,8% em 2017 —embora o FMI preveja uma leve desaceleração neste ano, com alta de 2,5%.

Macri insistirá no discurso de que os ajustes e as reformas são necessários para manter a retomada do crescimento. A meta do governo para 2018 é chegar a 3%.

O mandatário reforçará seu mote de campanha, o de que é necessário "construir consenso para as mudanças", e deve seguir a orientação de seu guru de imagem, o equatoriano Jaime Durán Barba, de deixar de culpar a chamada "herança maldita", como o mandatário se referia aos anos do kirchnerismo.

A segurança, que pesquisas apontam como uma das principais preocupações dos argentinos, também deve ser um dos principais temas do discurso. Espera-se que o presidente dê as linhas gerais do novo Código Penal, no qual pretende dar mais autoridade às forças de segurança e protegê-las de responsabilização por abusos em suas ações.

O novo código também fará referência a um aumento de penas para delitos de corrupção cometidos por membros do governo.

Ainda há dúvida sobre o modo como Macri tratará a reforma trabalhista, um dos motores de sua política de "reformismo contínuo", mas que teve de ser suspenso em fevereiro devido à pressão dos sindicatos. O governo insistirá que nenhuma medida será imposta sem diálogo e que o plano será, então, "fatiar" a reforma em várias leis.

INFLAÇÃO

Há grande expectativa sobre o que será dito com relação à inflação, uma vez que as promessas para este ano não foram cumpridas.

A cifra não baixou para a meta de 17% (fechou 2017 em 24%), e a inflação deste fevereiro (2,5%) foi um recorde nos últimos meses, devido ao impacto do mais recente "tarifaço" , que aumentou os preços da energia, do combustível, do gás e dos transportes.

Economistas afirmam que só será possível baixar um pouco a inflação no segundo semestre e que esta fechará o ano em 20%. O governo insiste em que a queda começará antes.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.