Pais de estudante americano morto após prisão na Coreia do Norte processam o regime

Otto Warmbier foi preso sob trabalhos forçados, acusado de furtar pôster de propaganda do regime

São Paulo

Os pais do estudante americano Otto Warmbier abriram um processo judicial contra a Coreia do Norte nos Estados Unidos.

Warmbier morreu em 2017, aos 22 anos, após ter sido preso na Coreia do Norte em 2016, acusado de furto —ele teria tentado pegar para si um pôster de propaganda do regime comunista de Kim Jong-un que estampava a imagem do ex-ditador norte-coreano, Kim Jong-il.

O estudante foi posteriormente condenado por um tribunal de Pyongyang a 15 anos de prisão e a realizar trabalho forçado no cárcere.

Otto Warmbier, escoltado por guardas no momento de sua prisão na Coreia do Norte, em imagem divulgada em março de 2016
Otto Warmbier, escoltado por guardas no momento de sua prisão na Coreia do Norte, em imagem divulgada em março de 2016 - Reuters

Um mês após a sentença, contudo, Warmbier adoeceu e entrou em coma, tendo sido libertado apenas em junho de 2017, quando, ainda em coma, foi levado de volta aos EUA, onde morreu seis dias depois.

O caso agravou as relações entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos, que chegaram a proibir seus cidadãos de viajar ao país.

“Otto foi feito refém, mantido como prisioneiro por razões políticas, usado como um peão e tratado de forma brutal por Kim Jong-un”, disse o pai do estudante, Fred Warmbier, em um comunicado à imprensa.

“Kim e seu regime têm agido como inocentes, mas intencionalmente destruíram a vida de nosso filho”, completou.

Segundo os pais do jovem, a ação judicial é mais um passo para responsabilizar a Coreia do Norte “pelo tratamento bárbaro aplicado a Otto e à nossa família”.

O processo foi apresentado à Justiça federal norte-americana nesta quinta-feira (26), um dia antes do histórico encontro entre o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, na sexta (27).

Além disso, em algumas semanas está programado um encontro também histórico entre Kim e o presidente dos EUA, Donald Trump.

O agendamento da inédita reunião marca o ápice de um processo de reaproximação, em meio a negociações sobre o programa nuclear norte-coreano.

O país anunciou recentemente a suspensão dos testes nucleares, após ter realizado mais de uma dezena de experimentos com bombas de hidrogênio e mísseis de longo alcance em 2017.

'ATIVIDADES HOSTIS'

Um mês após a sentença que o condenou por “atividades hostis” ao regime, o estudante sofreu graves danos neurológicos cujas causas nunca foram esclarecidas.

As autoridades da Coreia do Norte omitiram informações sobre sua condição de saúde até junho de 2017, quando divulgaram que ele estava em coma há meses graças a botulismo e a reações causadas por um remédio para dormir.

No mesmo mês, quando já estava preso há 17 meses, Warmbier foi libertado e, ainda em coma, levado aos Estados Unidos.

No Centro Médico da Universidade de Cincinnati, os médicos não encontraram evidências de botulismo nem conseguiram determinar o que causou os problemas de saúde que levaram o jovem a ficar em coma.

Os médicos americanos também não conseguiram provar as acusações de que ele teria sido torturado durante o período em que ficou preso.

O regime de Kim Jong-un sempre negou as acusações de maus-tratos.

Otto Warmbier morreu em 19 de junho de 2017, seis dias depois de voltar aos EUA.

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