Congresso do Peru suspende Kenji Fujimori com votos de aliados de sua irmã

Filho mais novo de Alberto Fujimori é acusado de compra de votos para evitar destituição de PPK

Kenji Fujimori usa blazer azul marinho, camisa branca e une os dedos das mãos enquanto está sentado observando a sessão plenária. Ele é fotografado de cima, aparecendo apenas seu torso.
O deputado Kenji Fujimori participa da sessão plenária do Congresso do Peru nesta quarta-feira (5), um dia antes de ser afastado da Casa por suposta compra de votos - Dante Zegarra - 5.jun.18/Andina/Xinhua
Lima | AFP

O Congresso do Peru suspendeu nesta quinta-feira (7) o deputado Kenji Fujimori, filho do ex-mandatário Alberto Fujimori, investigado por compra de votos para evitar a destituição do ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski.

A saída de cena do deputado é uma vitória de sua irmã mais velha, a ex-candidata presidencial Keiko Fujimori, na briga dos dois pela liderança do legado do pai, condenado por violações de direitos humanos em seu regime e indultado em dezembro.

A suspensão foi aprovada por 58 votos a favor, sete contra e 19 abstenções, em segunda votação. A primeira, na quarta (6), foi anulada por um erro de procedimento do presidente da Casa, Luis Galarreta, aliado de Keiko.

Ele havia autorizado a sufragar os membros da comissão de inquérito que julgou o afastamento, o que é proibido. Também foram suspensos Guillermo Bocángel e Bienvenido Ramírez, acusados dos mesmos crimes de Kenji.

Os três apareceram em vídeos revelados por Moisés Mamani, deputado aliado de Keiko, de três reuniões em que os acusados oferecem benefícios se o colega se abstivesse na primeira tentativa de deposição de Kuczynski.

Entre as ofertas estavam recursos para obras em Puno, sul do país, reduto eleitoral de Mamani. As imagens teriam sido gravadas em dezembro, dias antes da votação em que o então presidente conseguira se manter no cargo.

Isso foi possível graças à abstenção do bloco de Kenji, com quem o presidente se comprometeu a conceder indulto ao ex-autocrata. A promessa foi cumprida em 24 de dezembro, três dias depois da sessão no Congresso.

As imagens do encontro foram divulgadas em março, dias antes da segunda tentativa de destituir Kuczynski. Além de selar a saída do presidente, que renunciou ao cargo após a divulgação das imagens, Keiko e seus aliados conseguiram prejudicar Kenji.

O afastamento do irmão da ex-presidenciável será até o fim da ação judicial. No lugar dos três, assumirão três fujimoristas aliados de Keiko.

Não houve, porém, votos suficientes para retirar o foro privilegiado de Kenji, assim como para cassar seu mandato, o que o deixa livre por ora para disputar as eleições presidenciais de 2021, que também deverão ter Keiko como candidata.

Kenji Fujimori não foi à sessão desta quinta. Na noite de quarta, ele acusou a irmã de usar a segunda votação para consolidar o que chama de abuso, disse que não se renderá e que recorrerá da decisão na Justiça.

“Quero dirigir-me à minha irmã Keiko e dizer, bem, parabéns, aqui você tem minha cabeça na bandeja”, disse, logo depois da sessão. “O que aconteceu hoje foi totalmente nauseabundo, cometeram um abuso, fomos vítimas de uma ditadura parlamentar.”

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