Descrição de chapéu Venezuela

Venezuela liberta grupo de presos políticos

Entre eles está o oposicionista Daniel Ceballos, ex-prefeito de San Cristóbal

O oposicionista Daniel Ceballos (dir) foi um dos libertados, em Caracas
O oposicionista Daniel Ceballos (dir) foi um dos libertados, em Caracas - Marco Bello/Reuters
 
Caracas | AFP e Reuters

A Venezuela soltou nesta sexta-feira (1º) 39 pessoas capturadas em protestos contra e a favor do ditador Nicolás Maduro entre 2014 e 2018, incluindo filiados a partidos de oposição ao regime. É a primeira vez que políticos adversários são libertados desde dezembro.

Um deles é Daniel Ceballos, dirigente do Vontade Popular (direita). Ex-prefeito de San Cristóbal, no oeste do país, foi preso em 2014 acusado de incitação à violência por incentivar a participação nas manifestações —a onda daquele ano teve início na cidade

Ele ficou na cadeia entre 2014 e 2015, foi libertado para cumprir prisão domiciliar e novamente encarcerado em 2016, desta vez no El Helicoide, sede do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin, polícia política do regime).

Agora, ele ficará em liberdade condicional: será obrigado a se apresentar mensalmente, está proibido de sair do país e não poderá dar entrevistas ou fazer declarações políticas.

Também foram soltas em liberdade condicional 16 pessoas acusadas de agredirem o deputado opositor Teodoro Campos em 2 de abril, durante um evento de campanha do opositor Henri Falcón.

Na época, a oposição havia atribuído a ação a coletivos (paramilitares chavistas). Os outros 21 presos haviam sido capturados em manifestações antichavistas, mas não pertenciam a partidos políticos.

Eles foram levados à Assembleia Constituinte, composta por aliados de Maduro, para uma reunião da Comissão da Verdade, instância criada pelo regime para investigar o que chama de violência política no chavismo (desde 1999).

Segundo a presidente da Casa, Delcy Rodríguez, outras pessoas serão libertadas nas próximas horas. "Foi o presidente Nicolás Maduro, quando obteve uma vitória eleitoral importante nas eleições de 20 de maio, que disse: 'Este é o caminho, o caminho do diálogo, da união e da paz'."

Horas depois, Maduro atribuiu as solturas a reuniões com Javier Bertucci, terceiro colocado na eleição de 20 de maio, e com três governadores da oposição. Os encontros, que o ditador chama de diálogo, foram boicotados pela coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD).

Ele disse, porém, que usará mão pesada contra "aqueles que estejam buscando caminhos fora da Constituição".

Trata-se da segunda soltura de presos políticos desde a eleição. Na primeira, em 25 de maio, o regime liberou 20 pessoas que protestavam contra a falta de energia elétrica.

Legisladores oposicionistas chamaram a libertação dos presos de farsa. "O governo está armando um show político, mas na Venezuela todos são prisioneiros", disse o deputado Tomas Guanipa. 

"Esperamos que não transformem essas liberdades em porta giratória, que seja algo sincero e não uma aparência de amplitude com o fim de que se legitime a fraude do 20 de maio", disse o presidente da Assembleia Nacional opositora, Omar Barboza.

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