Descrição de chapéu RFI

Deputados na França cobram governo Macron em caso de segurança agressor

Assessor do presidente foi filmado agredindo manifestantes no 1º de Maio

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Paloma Varón

Após as duas horas e meia de sessão da CPI que investiga o caso Alexandre Benalla, ex-segurança de Emmanuel Macron que foi filmado se passando por policial e agredindo manifestantes, a avaliação dos deputados da oposição francesa é a de que o ministro do Interior, Gérard Collomb, foi evasivo.

O presidente francês, Emmanuel Macron (à esq.) e seu ex-segurança Alexandre Benalla (à dir.) em fevereiro, em Paris
O presidente francês, Emmanuel Macron (à esq.) e seu ex-segurança Alexandre Benalla (à dir.) em fevereiro, em Paris - Ludovic Marin/AFP

O ministro se explicou diante da Assembleia Nacional nesta segunda-feira (23).

"Surrealista", resume o deputado do LR (Republicanos, de direita) Éric Diard, membro da Comissão de Leis, encarregada das audições de membros do governo na Assembleia Nacional, sobre a sabatina, em que Collomb negou várias vezes ter conhecimento do caso Benalla antes de que este estourasse na mídia.

​Diard foi um dos primeiros a interrogar o ministro do Interior e achou suas respostas na Comissão "insatisfatórias". Nos bastidores da Assembleia, se ouvia falar em "mentiras para proteger o governo".

A opinião, compartilhada pela deputada Daniele Obono, da esquerda radical La France Insoumise. Como Diard, Obono não acredita que Collomb possa ter ignorado os acontecimentos. Obono disse ainda que Collomb foge de suas responsabilidades e pensa que o artigo 40 do Código Penal não se aplica a ele.

O artigo 40 diz que todo funcionário público, no exercício de sua função, ao tomar conhecimento de um crime ou delito, deve reportá-lo imediatamente à Procuradoria da República.

O "caso Benalla" veio à tona depois de vídeos divulgados pelo jornal Le Monde, mas ainda assim o governo demorou para se pronunciar neste que já é considerado o maior escândalo do governo de Macron desde o início de seu mandato, em 2017.

'Tudo converge para o gabinete da Presidência'

Para o deputado Ugo Bernalicis, do França Insubmissa (esquerda), "tudo converge para o gabinete da Presidência da República". Ele diz estar certo de que Collomb sabia do caso e nada fez. "Isso é muito grande para passar despercebido", afirma.

Indagado se Collomb deve pedir demissão, o deputado disse que isso cabe a ele, mas que considera impossível crer na versão oficial dada pelo ministro.

O líder do Partido Socialista, Olivier Faure, disse que investigações exaustivas são necessárias para esclarecer o caso Benalla. "Eles não podem a cada dia culpar o vizinho. Queremos saber por quais razões este caso foi minimizado", afirmou.

"Collomb respondeu "o mínimo possível', quando foi interrogado se teria comentado o caso com o presidente Macron no sábado (21). Isso mostra que ele sabia de muito mais do que ele afirma. Vamos continuar as sabatinas para entender como isso se passou no seio do governo francês", disse Faure.

O Secretário da Segurança Pública de Paris, Michel Delpuech, disse à Assembleia Nacional que jamais foi consultado sobre a ida do assessor de Alexandre Benalla à manifestação do 1° de maio, e soube do caso no dia seguinte. Ele também condenou o que caracterizou de "deriva inaceitável, calcada em um clientelismo doentio".

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