Ataque a tiros na Flórida deixa ao menos 2 mortos e 11 feridos

Atirador, que se suicidou, invadiu restaurante em Jacksonville onde ocorria campeonato de jogo online

Danielle Brant
Nova York

Um ataque a tiros durante um campeonato de videogame em Jacksonville, Flórida (EUA), deixou ao menos dois mortos e 11 feridos neste domingo (26), em um episódio que reabre a discussão em torno do controle de armas nos Estados Unidos. 

O atirador, que se suicidou, foi identificado como David Katz, 24, morador de Baltimore, Maryland, segundo o xerife de Jacksonville, Mike Williams.

Depois do ataque, Katz cometeu suicídio com a mesma arma usada para balear as vítimas. Um veículo usado pelo atirador foi localizado nas redondezas e estava sendo revistado. Katz teria passado a noite num hotel em Jacksonville, segundo o xerife. 

Ele usava os apelidos Bread e Ravenschamp. Katz, vencedor da competição do jogo Madden 17, teria perdido a disputa para um jogador conhecido como Trueboy. 

O ataque ocorreu no restaurante Chicago Pizza, no Jacksonville Landing, complexo de lojas e restaurantes.

No local estava sendo realizado um campeonato online do jogo Madden 19, de futebol americano. Um vídeo que circulou na internet mostra o momento em que supostamente o atirador inicia o atentado. Vários disparos são ouvidos, assim como gritos, e a transmissão online do campeonato é interrompida.

Tela de plataforma de streaming que mostrava o campeonato de videogame segundos antes do ataque a tiros
Tela de plataforma de streaming que mostrava o campeonato de videogame segundos antes do ataque a tiros - Reprodução

O ataque provocou pânico nos frequentadores no complexo. Pessoas se esconderam em lojas e restaurantes tentando escapar dos tiros.

As vítimas foram levadas aos hospitais Memorial, UF Health Hospital e Baptist Medical Center. Um porta-voz do Memorial confirmou estar tratando ao menos três pacientes envolvidos no ataque a tiros durante o campeonato de videogame. E pelo menos uma pessoa foi levada ao Baptist. O UF Health recebeu seis pacientes, entre eles um com ferimentos graves.

As vítimas tinham idades entre 20 e 35 anos. A pessoa em condições críticas tinha sido baleada várias vezes no peito e estava sendo monitorada por médicos.

Segundo o hospital, ao menos três pacientes foram baleados uma vez, e três receberam vários tiros.
O governador da Flórida, Rick Scott, disse ter entrado em contato com o escritório do xerife local para oferecer todo o apoio necessário.

Sarah Sanders, secretária de imprensa da Casa Branca, disse que o presidente Donald Trump foi informado sobre o ataque em Jacksonville e que estava monitorando a situação.

A conta oficial do jogo Madden no Twitter publicou uma mensagem dizendo ter tomado conhecimento do incidente no campeonato do jogo e afirmou estar trabalhando com as autoridades para coletar todas as informações neste momento. "É uma situação horrível e nossa mais profunda solidariedade a todos os envolvidos."

O ataque a tiros é o mais recente a deixar vários mortos neste ano nos EUA.

Em maio, Dimitrios Pagourtzis, 17, entrou em escola em Santa Fé, Texas, com um revólver e uma espingarda e matou dez pessoas. Outras dez ficaram feridas. Três meses antes, um ex-aluno de 19 anos matou 17 pessoas em escola em Parkland, na Flórida.

O ataque traz à tona a discussão sobre o controle de armas nos Estados Unidos. Apoiadores de uma maior restrição na venda de armamentos batiam boca nas redes sociais neste domingo com quem defende que armar a população é a solução para prevenir episódios do tipo.

A hashtag #backfiretrump, que pede para que o republicano detenha o "derramamento de sangue", ganhou força. "Americanos estão morrendo na Flórida. Autotuíte para tornar a epidemia de violência de armas nos EUA conhecida em BackfireTrump.com", indicavam posts.

A segunda emenda da constituição americana prevê o direito do cidadão de manter e portar armas de fogo. Em março, um mês depois do massacre de Parkland, Trump afirmou que "a segunda emenda nunca será revogada". A declaração foi uma resposta a um artigo escrito pelo ex-juiz da Suprema Corte John Paul Stevens que propunha isso.

Na sexta-feira (24), o jornal The New York Times publicou que o departamento de Educação americano estaria considerando permitir que os estados acessassem recursos federais para comprar armas para escolas.

A ideia teria surgido depois dos atentados de Santa Fé e Parkland. Na época do ataque à escola na Flórida, Trump defendeu que os professores portassem armas na sala de aula como forma de prevenir novos ataques.

"Se um professor tivesse uma arma [na escola da Flórida], ele não teria corrido; ele teria atirado e seria o fim de tudo isso", afirmou Trump, em fevereiro. Ele criticou ainda o fato de as escolas americanas serem zonas livres de armas.

Tiros nos EUA

País registrou ataques em escolas, jornal e na sede do YouTube neste ano

Overland Park (Kansas)
Data: 
3 de julho
Vítimas: Um prestador de serviço da escola  foi morto e outro ficou em estado grave
Atirador: Segundo a polícia, os disparos foram feitos por David Grable, 30, outro profissional que atendia o colégio, após discussão

Jornal Capital Gazette, em Annapolis (Maryland)
Data
: 28 de junho
Vítimas: Cinco pessoas, entre elas 4 jornalistas
Atirador: Jarrod Ramos, 38, que processou o veículo após a publicação de um artigo sobre processo de assédio contra ele

Santa Fé, no Texas 
Data
: 18 de maio
Vítimas: 9 estudantes e 1 professor
Atirador: Dimitrios Pagourtzis, 17, aluno da escola. Ele carregava uma espingarda e um revólver de seu pai

Sede do Youtube, em San Bruno (Califórnia)
Data
: 3 de abril
Vítimas: 2 mulheres, de 32 e 27 anos, e um homem de 36 anos
Atiradora: Nasim Aghdam, 39, que cometeu suicídio após o ataque. Ela se dizia insatisfeita com a remuneração de seus canais na plataforma e que sofria censura

Escola em Great Mills (Maryland)
Data
: 20 de março
Vítimas: O atirador morreu no ataque após deixar dois estudantes feridos, uma menina de 16 anos e um menino de 14
Atirador: Austin Wyatt Rollins, 17, que era estudante da escola e teve um relacionamento com a garota atingida

Escola em Parkland (Flórida)
Data: 14 de fevereiro
Vítimas: 17 mortes, incluindo estudantes e adultos, o que faz do caso o segundo pior tiroteio em escola dos EUA
Atirador: Nikolas Cruz, 19, Um aluno expulso do colégio por questões disciplinares.  Tinha um rifle AR-15

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