China aprisiona 1 milhão de uigures em campos de internação, diz ONU

Comitê diz ter relatos de que minoria muçulmana que vive no oeste do país é perseguida

Genebra | Reuters

​Um comitê da ONU sobre direitos humanos expressou preocupação na sexta-feira (10) ao divulgar relatos sobre o aprisionamento de 1 milhão de uigures, minoria muçulmana, em campos de internação em Xinjiang, no extremo oeste da China.

“Estamos profundamente preocupados com os diversos relatos que recebemos de que, em nome do combate ao extremismo religioso e da manutenção da estabilidade social, a China transformou a região autônoma dos uigures em algo que lembra um enorme campo de internação envolto em sigilo”, afirmou Gay McDougall, da Comissão das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial, no primeiro de dois dias de debates sobre direitos humanos na China.

Moradores selecionam vegetais em mercado
Mercado em Aksu, na região autônoma uigur de Xinjiang, China - Reuters

As alegações vieram de várias fontes, incluindo o grupo ativista Chinese Human Rights Defenders, que disse, em um relatório no mês passado, que 21% de todas as prisões registradas na China em 2017 ocorreram em Xinjiang.

O regime chinês afirma que a região enfrenta uma séria ameaça de militantes islâmicos e separatistas que planejam ataques para aumentar a tensão entre a minoria muçulmana uigur e o governo.

Mais cedo, Yu Jianhua, embaixador chinês nas Nações Unidas em Genebra, disse que estava trabalhando pela igualdade e solidariedade entre todos os grupos étnicos.

Mas McDougall afirmou que os membros da comunidade uigur e outros muçulmanos estavam sendo tratados como “inimigos do Estado” apenas com base em sua identidade étnico-religiosa. Mais de cem estudantes uigures que retornaram da China para países como Egito e Turquia foram detidos, com alguns morrendo sob custódia, disse ela.

Uma delegação chinesa de cerca de 50 funcionários não fez comentários sobre essas declarações na sessão de Genebra, que deve continuar nesta segunda-feira (13).
Reuters

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.