Sauditas mudam versão e dizem que morte de jornalista foi premeditada

Promotor deu nova declaração sobre assassinato de Jamal Khashoggi no consulado de Istambul

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Istambul | AFP e Reuters

O promotor público da Arábia Saudita afirmou nesta quinta-feira (25) que o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi foi "premeditado", mudando a versão oficial do reino para o crime contra o dissidente dentro do consulado de seu país em Istambul.

Inicialmente, quando a Turquia divulgou o desaparecimento do jornalista após entrar no consulado no dia 2 de outubro para tirar documentos, Riad disse que ele tinha saído do edifício.

Depois, sob pressão internacional, confirmou a morte, mas afirmou que foi resultado de uma briga com agentes sauditas que haviam ido a Istambul negociar sua volta ao reino, sem o conhecimento do príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman.

Agora, em declaração reproduzida pela TV estatal Ekhbariya, o promotor disse que chegou à nova conclusão com base em informações fornecidas por investigadores turcos. Acrescentou que os 18 suspeitos detidos estão sendo interrogados.

Jornalistas do Sri Lanka pedem justiça para Jamal Khashoggi em frente à embaixada saudita em Colombo
Jornalistas do Sri Lanka pedem justiça para Jamal Khashoggi em frente à embaixada saudita em Colombo - Lakruwan Wanniarachchi/AFP

Khashoggi era proeminente crítico do governo e colaborador do jornal americano The Washington Post.

Autoridades turcas concluíram depois do crime que ele havia sido alvo de uma equipe de 15 agentes sauditas que o mataram e desmembraram dentro da missão diplomática. As autoridades dizem que suas conclusões são baseadas em gravações de áudio feitas dentro do consulado que mostram como o jornalista foi morto.

A Arábia Saudita negou saber o que tinha acontecido ao jornalista por duas semanas. No sábado (20), o reino mudou sua versão dramaticamente, anunciando que a morte tinha acorrido após uma briga dentro do consulado e que prendeu 18 pessoas e demitiu cinco funcionários suspeitos de ligação com o caso.

A Turquia e aliados ocidentais de Riad têm se mostrado céticos em relação às explicações sauditas para o assassinato. O presidente turco, Recep Tayyip  Erdogan, referiu-se ao caso como um "assassinato político" e disse que não vai se satisfazer com tentativas de colocar a culpa em alguns agentes de inteligência.

Donald Trump, presidente dos EUA e forte aliado dos sauditas, afirmou na quarta (25) que o principe pode estar envolvido na operação que levou à morte de Khashoggi. 

Na véspera, seu governo anunciou a revogação dos vistos de agentes da Arábia Saudita suspeitos de envolvimento no assassinato do jornalista. A primeira-ministra britânica, Theresa May, também se somou às medidas de retaliação, anunciando a suspensão dos vistos dos envolvidos. 

Nesta quinta, em um comunicado separado divulgado pela agência estatal de notícias do reino, SPA, o governo afirmou que Mohammed bin Salman presidiu a primeira reunião de um comitê que vai reestruturar o comando da agência geral de inteligência do país.

O encontro avaliou as práticas atuais e estabeleceu recomendações para melhorar o trabalho da inteligência saudita, afirma o texto.

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