Argentina anuncia tarifaço e retração na economia

Tarifas de transporte público subirão 40%; produção do país deve fechar 2018 em queda de 2%

Buenos Aires

Os argentinos receberam duas más notícias relacionadas à economia nesta quinta-feira (27). A primeira delas, e que se relaciona imediatamente com seus gastos cotidianos, é um aumento de 40% das tarifas de todos os serviços de transporte público, que começará a valer no próximo dia 12 de janeiro.

A segunda, a medição, anunciada pelo Indec (IBGE local), da retração econômica de 4% trimestral, em outubro, acumulando um retrocesso de 1,7% até agora, no ano. A previsão é que se chegue a 2%.

Os setores que tiveram pior desempenho, segundo os dados do Indec, foram o comércio (-11,2%), a indústria (-6%), os transporte e as telecomunicações (-3,3%).

O ajuste dos transportes, que deve ser seguido pelos de aumento em outros serviços, gás, eletricidade e água, é parte dos ajustes previstos pelo Orçamento aprovado pelo Congresso que busca satisfazer os requisitos feitos pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e garantir a linha de crédito concedida pela entidade, de US$ 57 bilhões.

A estratégia do governo é anunciar os aumentos das tarifas públicas o mais rápido possível, no primeiro trimestre do ano, visando não impactar no resultado das eleições presidenciais e legislativas de outubro.

No começo do ano, o bilhete de metrô custava 6 pesos, em outubro passou a 13 pesos. Agora, com o novo aumento, irá a 18 pesos (R$ 1,82).

Os números com que a Argentina está terminando o ano contrastam muito com o que o governo havia prognosticado em seu início. As estimativas eram de um crescimento de 3% do PIB, uma inflação de 15%, e um dólar por volta dos 20 pesos.

Em dezembro, a situação é completamente distinta, o país se encontra em recessão, o PIB deve se contrair em 2%, a Argentina teve de pedir dois empréstimos ao FMI (no total de US$ 57 bilhões), a inflação chega a esse fim de ano a 47% e o dólar vale 39 pesos, segundo a cotação desta quinta-feira.

Houve uma desvalorização de mais de 55% da moeda argentina desde janeiro.

O governo culpa o cenário internacional, a alto das taxas de juros nos EUA, a fragilidade da economia e da moeda argentina frente ao dólar e alguns fatores internos, entre eles a pior seca em 50 anos, que comprometeu uma safra inteira da produção de soja.

Ao mesmo tempo, Macri tinha como objetivo retirar os subsídios da era kirchnerista de maneira gradual, para não impactar muito a população.

Mas isso provocou um trauma no humor nacional porque os aumentos passaram a ser quase que mensais. Em seus encontros com Christine Lagarde, do FMI, a orientação foi deixar o gradualismo de lado e fazer os ajustes necessários imediatamente, para chegar ao déficit fiscal zero ainda em 2019.

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