'Queremos sair dessa loucura': esperançosos, venezuelanos vão às ruas por mudança

Reclamando de crise econômica, violência e falta de liberdade, dezenas de milhares protestaram

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Manifestantes em protesto contra Maduro em Caracas
Manifestantes em protesto contra Maduro em Caracas - Carlos Garcia Rawlins /Reuters
Luisa Quintero
Caracas

Reclamando da crise no país e pedindo mudança, dezenas de milhares de pessoas atenderam ao chamado da oposição para protestar em 45 pontos da Venezuela. Nas ruas, a timidez e a insegurança iniciais dos manifestantes foram substituídas pelo entusiasmo por se sentirem acompanhados.

Carregando uma bandeira pedindo "liberdade", Oscar Ruiz, 63, disse querer "um país com progresso, não importa com quem". 

"Queremos liberdade. Não estou pedindo que derrubem, matem, que machuquem ninguém. O que peço é viver em um país produtivo, onde meus filhos possam sair quando quiserem", disse Ruiz, enquanto apertava com força a bandeira venezuelana, ao lado de agentes da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) que vigiavam em silêncio a mobilização.

Opositores que se manifestavam contra Nicolás Maduro em nove áreas de Caracas se encontravam, em alguns pontos, com ônibus cheios de simpatizantes do regime, a quem convidavam para se unir à marcha.

Teresa González caminhava com sua filha com a esperança de ver de perto o autoproclamado presidente interino do país Juan Guaidó.

"Não sou de partidos políticos, sou apenas venezuelana e por isso saio para protestar. Aqui as pessoas não têm dinheiro para comer ou comprar um par de sapatos, e quero que isso mude. A população está morrendo de fome por culpa de Maduro", disse.

Morelia Delgado também saiu de casa para apoiar Guaidó. "Temos que ajudar nas ruas para que veja que somos muitos os que queremos sair dessa loucura". 

Entre as bandeiras defendidas pelos opositores estavam a recusa de receber subsídios em dinheiro e comida por parte do governo, pois o desejo era "que Nicolás vá embora".

O sacerdote Balmiro Rangel pediu a Deus esperança. "A Venezuela quer uma mudança. Por isso estou aqui".

Manifestantes também mencionaram a diáspora venezuelana. Elinor Díaz protestava junto com sua mãe, que disse estar cansada de ter que se despedir de amigos e familiares em aeroportos e terminais de ônibus. 

"Queremos paz, viver com decência, com oportunidades. Eu me criei aqui e não é justo, não merecemos isso. Temos a responsabilidade moral de sair para exigir nossos direitos e nossa liberdade. Já basta."

Pelo mundo, imigrantes venezuelanos se uniram à marcha em países como Colômbia, Espanha, Austrália, Guatemala e República Dominicana.

No Brasil, houve protesto anti-Maduro em Boa Vista, RR. Alguns cartazes pediam a ajuda de Jair Bolsonaro para restaurar a democracia no país vizinho.

Segundo a ONU, o número total de pessoas que deixam a Venezuela fugindo da crise política e econômica deve chegar a 5,3 milhões até o fim de 2019

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.