O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, um dos líderes a articular o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano de 2015, anunciou nesta segunda-feira (25) que renuncia ao cargo.

"Me desculpo por não conseguir mais ser capaz de prosseguir em meu cargo e por todas as minhas falhas no exercício das minhas funções", escreveu Zarif em sua conta no Instagram.

Ele não especificou nenhuma razão concreta para a saída.

Na mensagem, também agradeceu aos iranianos pela "magnanimidade" com que foi tratado durante seu mandato.

A renúncia foi confirmada por uma fonte que pediu anonimato, mas só se tornará efetiva quando for aceita pelo presidente, Hasan Rouhani.

Zarif conduziu a chancelaria iraniana durante todo o primeiro governo de Rouhani, entre 2013 e 2017, e foi mantido no cargo com a reeleição do presidente.

Ele foi o negociador chefe da delegação iraniana para o acordo selado em 2015 entre a república islâmica e o chamado grupo 5+1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha) para pôr fim a 12 anos de crise devido ao programa nuclear do Irã.

No entanto, era fortemente criticado por setores ultraconservadores anti-Ocidente do país, particularmente depois que os EUA se retiraram unilateralmente do acordo, em 2018.

Nascido em 1960, Zarif estudou nos Estados Unidos quando jovem e também como embaixador iraniano no país, de 2002 a 2007.

Ele foi nomeado ministro em agosto de 2013, após Rouhani se tornar presidente com uma promessa de abrir o país para o mundo. 

Desde que ficou a cargo das conversas sobre o acordo nuclear no fim de 2013, ele foi chamado diversas vezes ao Parlamento iraniano para explicar as negociações.

Em fevereiro de 2014, foi intimado novamente após fazer comentários publicamente condenando o Holocausto —há décadas, autoridades iranianas vêm negando o Holocausto em discursos públicos.

Zarif chegou a ser ameaçado de agressão após a assinatura do acordo nuclear.