O governo italiano se posicionou nesta terça-feira (12) de maneira oficial a favor de novas eleições na Venezuela, mas não reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente interino do país sul-americano.
Em um discurso na Câmara dos Deputados, o ministro italiano das Relações Exteriores, Enzo Moavero, resumiu a posição da Itália sobre a crise no país sul-americano, um assunto que tem causado tensões dentro do governo de coalizão entre a extrema-direita e a formação antissistema Movimento 5 Estrelas. A ala mais direitista tem ojeriza pelo socialista, enquanto a mais "antissistema" pede paciência com ele.
O ministro reconheceu em seu discurso que a Itália "considera que as eleições presidenciais de maio passado na Venezuela não atribuem legitimidade democrática ao vencedor, isto é, a Nicolás Maduro", e ressaltou que até o embaixador italiano não participou da cerimônia de posse.
"O governo pede eleições presidenciais democráticas o mais rápido possível", enfatizou.
O chanceler, que se encontrou no dia anterior com uma delegação enviada por Guaidó, disse que a Itália está empenhada em "salvaguardar a segurança e os interesses" da comunidade italiana que reside na Venezuela, onde há mais de um milhão e meio de descendentes italianos.
"A situação é complexa e incerta e há sérios riscos. Devemos evitar uma guerra civil", alertou o chanceler.
O discurso de Moavero contou com a participação da delegação enviada por Guadió a Roma para explicar seus planos políticos e tentar obter o apoio da Itália, entre os países mais importantes que se recusaram a reconhecê-lo como presidente interino. Além da Itália, Bolívia, México e Uruguai, entre outros, não reconhecem Guaidó.
"Nós não entendemos por que o país europeu mais próximo de nós não toma uma posição clara contra o ditador Maduro e não exige vigorosamente eleições livres sob os auspícios da comunidade internacional e o desbloqueio da ajuda humanitária", lamentou Guaidó na terça-feira em uma carta dirigida aos italianos e que teve trechos publicados pela imprensa.
O pleito que reelegeu Maduro foi boicotado pela maior parte da oposição e recebeu denúncias de fraudes da comunidade internacional. Com isso, a Assembleia Nacional da Venezuela considerou que a Presidência estava vaga e indicou Guaidó, para ocupar o cargo de maneira interina até que novas eleições sejam realizadas. Maduro, porém, nega as acusações e diz que a eleição seguiu a Constituição.
Guaidó recebeu o apoio de diversos países, incluindo dos Estados Unidos, do Brasil e de parte da Europa.
"Precisamos que a Itália esteja do nosso lado, do lado da democracia, liberdade e justiça", enfatizou Guaidó.
A Itália anunciou que vai doar 2 milhões de euros (R$ 8,42 mi) de ajuda humanitária e convidou as partes a "favorecer o diálogo e a reconciliação" e a evitar "atrasar as eleições". O Canadá já havia anunciado um pacote de ajuda de 53 milhões de dólares canadenses (R$ 148 milhões) para a Venezuela.
No dia anterior, o delegado do líder da oposição, Francisco Sucre, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia Nacional, advertiu em Roma que "as condições de mediação e diálogo não estão em vigor em seu país".
Sucre, junto com Antonio Ledezma, ex-prefeito de Caracas, e Rodrigo Diamanti, encarregado da ajuda humanitária na Europa, fazem parte da delegação enviada por Guaidó à Itália.
AFP
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