Justiça da Austrália condena cardeal por abuso de dois coroinhas

George Pell era o número três na hierarquia do Vaticano; casos ocorreram há 22 anos

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São Paulo | Reuters

Uma corte australiana considerou o cardeal George Pell, 77, tesoureiro do Vaticano e ex-conselheiro do papa Francisco, culpado em cinco acusações de crimes de pedofilia cometidos há 22 anos.

O veredicto foi divulgado nesta segunda-feira (25) após o levantamento do segredo de Justiça do processo. 

Pell, que se declarou inocente, foi licenciado de seu posto no Vaticano, o terceiro mais alto na hierarquia da Igreja Católica, para enfrentar o processo judicial.

Ele foi considerado culpado por unanimidade pelo júri da corte de Victoria, em Melbourne, em 11 de dezembro do ano passado, após um julgamento que durou quatro semanas. 

O cardeal George Pell - Remo Casilli - 29.jun.17/Reuters

Os crimes foram cometidos entre dezembro de 1996 e os primeiros meses de 1997 contra dois coroinhas de 12 e 13 anos de idade na sacristia da catedral de São Patrício, em Melbourne, onde Pell era arcebispo.

Um dos garotos, hoje com 35 anos, testemunhou sobre os detalhes do assédio por videoconferência —sua identidade não foi revelada. Ele atualmente vive em Melbourne.

A segunda vítima morreu em decorrência de uma overdose de heroína em 2014. 

Desde o início do julgamento, há nove meses, a saúde de Pell se deteriorou. O juiz Peter Kid, responsável pelo caso, autorizou que o cardeal viajasse até Sydney para uma cirurgia no joelho em dezembro. 

Cada uma das acusações acarreta uma pena máxima de dez anos de prisão. A pena de Pell será definida em audiência marcada para o início de março. 

Seus advogados afirmam que recorreram da decisão e esperam que ele seja inocentado na segunda instância. 

Ao encerramento de encontro histórico sobre abusos sexuais na igreja neste fim de semana, no Vaticano, o papa Francisco se comprometeu a empreender uma "batalha total" contra o crime. 

Em dezembro, após o processo ter vindo a público, Pell foi removido do círculo de conselheiros do papa, que havia elogiado o cardeal por sua honestidade e conduta contra abusos sexuais de crianças. 

O papa e o Vaticano ainda não se manifestaram sobre o caso. ​

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