Ministra da Justiça da Colômbia deixa cargo após decisão favorável a líder das Farc

Há dois dias, procurador-geral do país renunciou pelo mesmo motivo

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Bogotá | AFP

O presidente colombiano, Iván Duque, anunciou nesta quinta-feira (16) a demissão de sua ministra da Justiça, em meio à controvérsia do governo com o tribunal de paz devido a uma decisão que impede a extradição para os Estados Unidos de um líder da ex-guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). 

Duque garantiu que aceitou a renúncia da ministra Gloria Borrero, a primeira ocorrida em seu gabinete. Ele está no cargo desde agosto de 2018.

A ex-ministra da Justiça, Gloria Borrero, no Congresso Nacional, em Bogotá - Raul Arboleda - 8.abr.2019/AFP

"Quero anunciar à Colômbia que a nova ministra da Justiça é a magistrada e ex-presidente da Suprema Corte de Justiça Margarita Cabello", disse Duque em comunicado à imprensa.

O presidente acrescentou que há poucos dias conversou com Borrero sobre sua saída, evitando relacionar a renúncia ao alvoroço causado pela decisão da justiça da paz de negar a extradição de Jesús Santrich, acusado de tráfico de drogas nos Estados Unidos. 

Na mesma linha, Borrero disse ao canal RCN que a renúncia faz parte "das mudanças normais de qualquer governo".

No entanto, a decisão de deixar o governo é relevante no contexto da controvérsia em torno da decisão em favor da Santrich, que precipitou na quarta-feira (15) a saída do procurador-geral, Néstor Humberto Martínez.

Preso em Bogotá desde abril de 2018, Santrich é requerido pela Justiça aos Estados Unidos por suspeita de traficar cocaína àquele país, após a assinatura do acordo de paz em novembro de 2016.

Os Estados Unidos lamentaram nesta quinta a decisão por meio de um comunicado da embaixada americana.

"Consideramos essa decisão lamentável", protestou a representação diplomática, ressaltando que os Estados Unidos "cumpriram os requisitos" para obter a extradição de Santrich.

"Os Estados Unidos consideram que uma apelação (da decisão) é essencial e urgente", enfatizou a embaixada.

Na quarta-feira, os juízes ordenaram a sua libertação imediata —medida que ainda não foi efetivada—, alegando que não receberam dos Estados Unidos a prova de que Santrich cometeu o crime após a assinatura do pacto de paz.

O ex-negociador da paz e líder do atual partido das Farc sempre declarou sua inocência e atribui as acusações a uma manipulação da promotoria e dos Estados Unidos.

Em mensagem aos colombianos, Duque, crítico dos acordos com a ex-força rebelde, disse estar "indignado" com a resolução da Santrich e manifestou seu apoio a um recurso, lembrando que o caso não está "encerrado" e que ele está disposto a autorizar a extradição de Santrich.

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