O presidente colombiano, Iván Duque, anunciou nesta quinta-feira (16) a demissão de sua ministra da Justiça, em meio à controvérsia do governo com o tribunal de paz devido a uma decisão que impede a extradição para os Estados Unidos de um líder da ex-guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Duque garantiu que aceitou a renúncia da ministra Gloria Borrero, a primeira ocorrida em seu gabinete. Ele está no cargo desde agosto de 2018.
"Quero anunciar à Colômbia que a nova ministra da Justiça é a magistrada e ex-presidente da Suprema Corte de Justiça Margarita Cabello", disse Duque em comunicado à imprensa.
O presidente acrescentou que há poucos dias conversou com Borrero sobre sua saída, evitando relacionar a renúncia ao alvoroço causado pela decisão da justiça da paz de negar a extradição de Jesús Santrich, acusado de tráfico de drogas nos Estados Unidos.
Na mesma linha, Borrero disse ao canal RCN que a renúncia faz parte "das mudanças normais de qualquer governo".
No entanto, a decisão de deixar o governo é relevante no contexto da controvérsia em torno da decisão em favor da Santrich, que precipitou na quarta-feira (15) a saída do procurador-geral, Néstor Humberto Martínez.
Preso em Bogotá desde abril de 2018, Santrich é requerido pela Justiça aos Estados Unidos por suspeita de traficar cocaína àquele país, após a assinatura do acordo de paz em novembro de 2016.
Os Estados Unidos lamentaram nesta quinta a decisão por meio de um comunicado da embaixada americana.
"Consideramos essa decisão lamentável", protestou a representação diplomática, ressaltando que os Estados Unidos "cumpriram os requisitos" para obter a extradição de Santrich.
"Os Estados Unidos consideram que uma apelação (da decisão) é essencial e urgente", enfatizou a embaixada.
Na quarta-feira, os juízes ordenaram a sua libertação imediata —medida que ainda não foi efetivada—, alegando que não receberam dos Estados Unidos a prova de que Santrich cometeu o crime após a assinatura do pacto de paz.
O ex-negociador da paz e líder do atual partido das Farc sempre declarou sua inocência e atribui as acusações a uma manipulação da promotoria e dos Estados Unidos.
Em mensagem aos colombianos, Duque, crítico dos acordos com a ex-força rebelde, disse estar "indignado" com a resolução da Santrich e manifestou seu apoio a um recurso, lembrando que o caso não está "encerrado" e que ele está disposto a autorizar a extradição de Santrich.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.