A polícia do Cazaquistão prendeu cerca de 500 manifestantes que protestavam contra o que eles chamam de eleição presidencial "antidemocrática", realizada neste domingo (9).
O vencedor do pleito deve ser o presidente interino, Kassym-Jomart Tokayev, 66. Ele foi escolhido para a sucessão por Nursultan Nazarbayev, que governou o país rico em petróleo durante quase 30 anos e deixou o poder em março.
Segundo pesquisa boca de urna do Instituto Kogamdyk Pikir, Tokayev teve 70% dos votos.
Tokayev, que comandava o Senado, é um diplomata de carreira formado em Moscou e já serviu como chanceler e primeiro-ministro do Cazaquistão.
Centenas de pessoas gritavam "vergonha" nas manifestações, realizadas em Almaty e Nur-Sultan, capital do país, que foi rebatizada após sugestão do próprio Nazarbayev.
"Cerca de 500 pessoas foram transferidas para delegacias de polícia nas cidades de Nur-Sultan e Almaty", disse o vice-ministro do Interior, Marat Kozhayev. Os manifestantes foram descritos pelo governo como "radicais que tentam desestabilizar a sociedade".
Ainda de acordo com Kozhayev, dois policiais foram feridos por pedras atiradas pelos ativistas. O maior opositor de Tokayev e Nazarbayev, o ex-banqueiro Mujtar Ablyazov, atualmente exilado, convocou protestos por todo o país neste domingo.
Segundo a ONG britânica Netblocks, que monitora atividades na rede, o acesso à internet e a serviços de streaming foi bloqueado no país durante a eleição, já no começo da manhã.
O acesso ao aplicativo de mensagens Telegram e ao Facebook também foram cortados em Almaty.
Para muitos dos 12 milhões de eleitores registrados, Tokayev era o único rosto familiar entre os sete candidatos à Presidência.
"Bom, Nazarbayev não está mais na cédula e eu não conheço os outros candidatos", disse a pensionista Natalya.
Nazarbayev, 78, que tem o título oficial de yelbasy (líder nacional), continua a comandar o partido dominante Nur Otan. Nas eleições passadas, descritas por observadores ocidentais como não livres e injustas, ele geralmente tinha mais de 90% dos votos.
Após votar em Nur-Sultan, Tokayev pediu tolerância aos manifestantes e aos policiais e disse que pretende chamar jovens ativistas críticos ao governo para integrar um "comitê especial" de promoção do diálogo.
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