Inteligência militar russa coordenou envenenamento de ex-espião, diz investigação independente

Denis Sergeyev teria liderado ataque contra Serguei Skripal e sua filha

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Londres | AFP

O envenenamento, no ano passado, do ex-espião russo Serguei Skripal em Salisbury, no sul da Inglaterra, foi coordenado em Londres pelo alto comando da inteligência militar russa (GRU, na sigla em russo) , segundo o resultado de uma investigação independente divulgada nesta sexta (28).

O site de investigação Bellingcat anunciou que uma apuração feita com a rede BBC permite afirmar que a operação foi liderada pelo comandante-geral do serviço de inteligência militar, Denis Sergeyev.

De acordo com o Bellingcat, Sergeyev estava no Reino Unido no momento do ataque contra Skripal e sua filha, Yulia. Ele também estava presente na Bulgária, em 2015, quando ocorreu o envenenamento, com os mesmos sintomas, de um vendedor de armas local.

A BBC e o Bellingcat observaram os movimentos e as comunicação telefônicas de Sergeyev durante sua estadia em Londres, quando ele usou um tipo de telefone que não deixa os mesmos rastros que os números normais.

De acordo com a BBC, ele utilizou aplicativos de mensagem como o WhatsApp e o Telegram para se comunicar com os dois agentes russos presentes em Salisbury e com seu comandante em Moscou.  Presos pela polícia, os dois agentes afirmaram ser apenas turistas. 

Serguei Skripal e sua filha sobreviveram ao envenenamento e atualmente vivem escondidos.

"A participação de um comandante-geral mostra a importância dada a esta operação", escreveu o Bellingcat.

O serviço russo da BBC afirmou que Sergeyev e sua mulher deram o endereço da academia militar do GRU em documentos oficiais.

Londres e Washington consideram o GRU a principal ameaça contra a segurança dos interesses ocidentais no exterior.

A Rússia sempre negou estar por trás do envenenamento de seu ex-espião.

Esta investigação mostra como o GRU coordena as operações no exterior, "com um oficial superior que se comunica com Moscou e se comunica muito pouco, ou nada, com os executores, que já receberam suas instruções", explica o Bellingcat. 

O site afirma que obteve "provas de outras operações internacionais realizadas pela mesma equipe, o que mostra que é um modelo estável de operações do GRU".

Na sexta (28), a primeira-ministra britânica Theresa May condenou o ataque, em encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, na cúpula do G20, em Tóquio. May disse que há "provas irrefutáveis de que a Rússia estava por trás do ataque".

Theresa May e Vladimir Putin em Osaka, na cúpula do G20 - Pool via Reuters
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