Envenenamentos de opositores de Putin são marcados por mistério

Países ocidentais acusam russo de envolvimento nas ações contra quem denuncia supostos crimes

São Paulo

O Reino Unido acusou nesta quarta (26) um general russo de ser um dos responsáveis por envenenar Serguei Skripal e a filha, Yulia, em março em Salisbury, na Inglaterra (Reino Unido).

O atentado contra Skripal, ex-agente duplo russo e britânico, foi mais um caso em que países ocidentais acusam a Rússia e seu líder, Vladimir Putin, de matar algum opositor ou alguém incômodo ao mandatário e seus aliados.

Moscou, porém, nega envolvimento em todos os casos, que remontam ao início dos anos 2000, quando Putin assumiu a Presidência depois de comandar os serviços de inteligência russos. Veja alguns deles abaixo.

2) Viktor Yushchenko

Foi primeiro-ministro da Ucrânia de 1999 a 2001. Fundou o partido Nossa Ucrânia, anti-Rússia e pró-UE, no ano seguinte. Candidatou-se à Presidência em 2004, enfrentando o então primeiro-ministro, Viktor Yanukovitch, aliado de Moscou. Governou entre 2005 e 2010. Ficou gravemente doente durante a campanha eleitoral, em setembro de 2004. Foi internado em Viena, na Áustria, com pancreatite aguda devido a uma infecção viral e química. Seu rosto também ficou desfigurado. A doença havia sido provocada por dioxina que ele teria ingerido durante uma refeição.

 

Litvinenko está em uma cama de hospital, usando um pijama verde aberto, com eletrodos no peito
O ex-espião russo Aleksandr Litvinenko, no hospital em Londres; opositor de Putin foi envenenado com polônio-210 - 20.nov.06/AFP

3) Aleksandr Litvinenko

Foi espião russo de 1988 a 1998, quando foi expulso ao dar uma entrevista dizendo que teria recebido a ordem de matar um ex-espião acusado de revelar segredos de Estado e sequestrar um empresário e acusou chefes de mirar políticos e empresários. Asilado no Reino Unido desde 2001, tornou-se crítico de Vladimir Putin e jornalista. Foi internado com uma doença repentina em 1º de novembro e morreu vítima de um ataque cardíaco 22 dias depois. Segundo a investigação britânica, foi contaminado por polônio-210 que estava no chá que tomou em um encontro com agentes russos. Moscou nega participação.

4) Alexander Perepilichny

Empresário, deixou Moscou em 2009 para morar na Inglaterra. No ano seguinte, entregou a promotores suíços documentos que incriminavam altas autoridades russas em uma fraude de US$ 220 milhões ao Tesouro por meio de um fundo de investimento. Foi encontrado morto em um parque de Londres em 2012. Dois anos após sua morte, autópsia feita por uma seguradora detectou que ele havia ingerido Gelsemium. No ano passado, foram revelados documentos dos EUA que acusavam a Rússia de tê-lo assassinado.

 

Skripal aparece de lado, atrás de uma cela com grades de cor creme
O ex-espião russo Serguei Skripal, ao ser preso na Rússia em 2006; ele e a filha foram envenenados em Salisbury, na Inglaterra, em março - Yuri Senatorov - 9.ago.06/Kommersant/AFP

5) Serguei e Yulia Skripal

Serguei foi agente de inteligência russo até 1999, mas em seus últimos quatro anos de carreira serviu ao serviço secreto britânico. Descoberto, foi condenado a 13 anos de prisão em 2006 por alta traição, mas quatro anos depois foi libertado em uma troca de espiões com os EUA e passou a morar no Reino Unido. Ele e sua filha, Yulia, foram encontrados inconscientes sentados em um banco de um centro comercial da cidade inglesa de Salisbury em 4 de março. O ex-espião deixou o hospital em 18 de maio e a filha, em 10 de abril. O governo britânico determinou que eles foram atingidos com o agente químico Novitchok.

 

Piotr Verzilov sorri e faz sinal da paz com os dedos
Piotr Verzilov ficou 11 dias internado em um hospital após suposto envenenamento - Vasily Maximov - 23.jul.18/AFP

6) Piotr Verzilov

Ativista do grupo Pussy Riot, invadiu o campo do Estádio Olímpico Lujniki, em Moscou, na final da Copa do Mundo da Rússia, em 14 de julho passado Após uma audiência judicial, em 11 de setembro, subitamente perdeu a fala, a visão e capacidade de andar. Foi internado em Moscou e, cinco dias depois, transferido para Berlim, onde um médico disse que teria sido envenenado por um agente desconhecido. Deixou o hospital nesta quarta-feira (26).

 

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