Descrição de chapéu Governo Trump

Desenhos de crianças imigrantes mostram centros de detenção dos EUA como prisões

Representante de associação americana de pediatras fala de mau cheiro e de apatia de meninos

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São Paulo

Desenhos feitos por crianças imigrantes mantidas em centros de detenção na fronteira dos EUA com o México, reveladas pela Academia Americana de Pediatras nesta quarta-feira (3), mostram os locais como  se fossem jaulas ou prisões. 

A futura presidente da academia, Sara Goza, exibiu os desenhos durante entrevista à rede CBS News após visitar dois centros de detenção da CBP (Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, na sigla em inglês) na semana passada.

"Quando eles abriram a porta, a primeira coisa que nos atingiu foi o cheiro. Era um cheiro de suor, urina e fezes", afirmou Goza à TV. 

Goza descreveu um espaço cheio de crianças em silêncio. "Elas não tinham expressão em seus rostos, não havia risadas, brincadeiras ou conversas", afirmou.

Segundo ela, tudo o que se ouvia era o farfalhar dos cobertores de resgate prateados. "Era um mar prateado. Eram meninos. Meninos desacompanhados." 

"Eu os descrevo quase como gaiolas de cachorros mas com pessoas em cada uma delas", afirmou. "E o silêncio era muito duro de se ver."

Muitas das crianças não tinham acesso a banho, a refeições quentes e a mudas de roupa. Cerca de 30% estavam sendo mantidas por mais do que as 72 horas permitidas —algumas estava lá havia mais de duas semanas.

Na semana passada, a academia alertou para o trauma duradouro que as crianças separadas de seus pais sob as políticas imigratórias do governo Donald Trump vão sofrer. 

"O fato de esses desenhos serem tão realistas e horríveis nos dá uma ideia do que essas crianças estão vivendo", afirmou à CNN a ex-presidente da academia, Colleen Kraft. "Quando uma criança desenha isso, está dizendo que se sentiu como se estivesse numa prisão." 

Na terça (2), o Departamento de Segurança Interna dos EUA divulgou imagens de centros de detenção com cenas de superlo tação e condições precárias.

As fotos foram feitas no início de junho durante uma visita de oficiais a cinco abrigos da Patrulha de Fronteira no vale do rio Grande, no Texas. Nelas, imigrantes aparecem amontoados e cercados por grades que lembram jaulas; outros, espremem-se em cômodos sem janelas, onde não há espaço para todos se deitarem ao mesmo tempo.

​Nas últimas semanas, relatos de condições insalubres nos abrigos nos quais imigrantes que entram nos EUA ilegalmente são mantidos têm comovido o país.

No fim de junho,​ organizações de direitos humanos denunciarem abusos em um abrigo em Clint, também no Texas. Segundo as entidades, havia crianças de oito anos de idade tomando conta de bebês no local.

Representantes das ONGs também disseram ter sido informados de que não havia fraldas para as crianças pequenas.

Na segunda (1º), um grupo de congressistas americanos visitou centros de detenção do lado americano da divisa com o México e afirmou que os detidos sofrem abusos psicológicos dos agentes de fronteira e vivem em condições horríveis.

No mesmo dia, o site americano ProPublica publicou reportagem que mostra como agentes da patrulha de fronteira dos Estados Unidos fizeram piadas sobre a morte de imigrantes e postaram mensagens sexistas em um grupo secreto no Facebook sobre a visita dos legisladores aos centros de detenção. 

 
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