Descrição de chapéu Governo Trump

Embaixador britânico nos EUA chama governo Trump de inepto em mensagens sigilosas

Jornal The Mail on Sunday teve acesso a correspondência oficial de diplomata

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Londres | Reuters

O embaixador britânico nos Estados Unidos descreveu o governo do presidente Donald Trump como "inepto", "disfuncional" e "desastrado" em uma série de correspondências oficiais vazadas e publicadas pelo jornal The Mail on Sunday no sábado (6). 

Os comentários enfureceram Trump, que afirmou que o embaixador, Kim Darroch, "não fez um bom serviço ao Reino Unido".

Kim Darroch discursa atrás de púlpito
Kim Darroch, embaixador do Reino Unido nos EUA, participa de evento na representação diplomática em Washington em 2017 - Paul Morgi/Getty Images/AFP

Nas cartas, que cobrem o período de 2017 até os dias atuais, Darroch escreve que o presidente americano "irradia insegurança" e recomenda a autoridades em Londres que a melhor forma de lidar com o mandatário é se comunicar de forma "simples, até mesmo incisiva". 

"Nós não acreditamos que este governo se tornará substancialmente mais normal, nem menos disfuncional, imprevisível, polarizador, desastrado e inepto", afirmou Darroch em um dos memorandos, de acordo com o jornal.

Em outras correspondências, o periódico relatou que o diplomata descreveu a administração como "excepcionalmente disfuncional". Ele também teria afirmado que relatos da mídia sobre a "brigas de faca" na Casa Branca eram "em grande parte verdadeiros". 

No domingo (7), Trump desdenhou a reportagem. "Nós não somos grandes fãs desse homem e ele não prestou um bom serviço ao Reino Unido, então eu entendo e poderia dizer coisas sobre ele mas não me darei o trabalho", disse o presidente americano sobre Darroch.

O embaixador também escreveu nas mensagens que "nós podemos estar no início de uma espiral descendente, em vez de apenas uma montanha russa; pode surgir algo que leve à desgraça", segundo o periódico. 

No entanto, Darroch também aconselhou autoridades britânicas a não desprezar o presidente, dizendo que havia um "caminho viável" para a reeleição de Trump em 2020. O diplomata afirmou ainda que o mandatário poderia "emergir das chamas, danificado mas intacto, como Arnold Schwarzenegger nas cenas finais de Exterminador do Futuro", em referência ao filme de 1984.​

'Relacionamento especial'

Um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido afirmou que a pasta espera que os embaixadores "forneçam aos ministros uma avaliação honesta e direta sobre o cenário político" dos países onde atuam.

"As opiniões deles não são necessariamente compartilhadas por ministros ou mesmo pelo governo. Mas nós os pagamos para serem francos", disse o representante.

"É importante que nossos embaixadores possam transmitir suas orientações e que elas permaneçam confidenciais. Nossa equipe em Washington tem fortes relações com a Casa Branca e sem dúvidas elas sobreviverão a esse comportamento malicioso."

O ministério informou posteriormente que abriria um inquérito para apurar o vazamento das mensagens.

O secretário britânico de comércio, Liam Fox, afirmou que pedirá desculpas pelo episódio durante sua visita a Washington nos próximos dias —ele se reunirá com a filha do presidente, Ivanka Trump.​

No entanto, não está claro o motivo do encontro entre os dois. Fox está atualmente encarregado de negociar um acordo comercial bilateral entre os dois países, algo que, a princípio, está fora da alçada de Ivanka, que é conselheira especial de seu pai. 

Em um memorando escrito no mês passado. Darroch descreveu a confusão interna do governo americano em relação à decisão de desistir de um ataque militar ao Irã. Ele afirmou que o motivo apresentado por Trump, de que o número previsto de mortes tinha sido o fator determinante para o seu recuo, não fazia sentido. 

"É mais provável que ele nunca tenha realmente concordado com a proposta", escreveu o embaixador. O diplomata avaliou que Trump estava mais preocupado com uma eventual repercussão negativa de uma medida que contrariava suas promessas de campanha —e acrescentou que Trump poderia ainda dar início a um conflito com Teerã. 

Durante uma visita de Estado ao Reino Unido em junho, Trump se referiu diversas vezes de forma entusiasmada à "relação especial" entre os dois países, prometendo um acordo comercial "fenomenal" depois que Londres deixasse a União Europeia.

O Mail on Sunday relatou que em uma mensagem escrita logo após a visita, Darroch afirmou que o presidente americano e sua equipe tinham ficado "deslumbrados" pela viagem, embora "esta [os EUA] ainda seja a terra do 'America First'". 

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