O regime do ditador Nicolás Maduro não pretende atender aos pedidos da oposição para a realização de eleições presidenciais ainda em 2019. Em vez disso, deve convocar novas eleições para o Legislativo, disse nesta terça (23) o número dois do chavismo, Diosdado Cabello.
Se essa medida for confirmada pelo regime e pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), o mandato da Assembleia Nacional, de maioria opositora, será diminuído em um ano. O atual parlamento foi eleito em dezembro de 2015, tomou posse em 5 de janeiro de 2016 e tem mandato até janeiro de 2021.
É com esse prazo que o líder da Casa, Juan Guaidó, e seus apoiadores trabalham para atingir seus propósitos: a retirada de Maduro do poder, a criação de um governo de transição, o estabelecimento de um novo CNE e a realização de eleições livres num prazo de 90 dias.
Se o mandato da atual Assembleia for reduzido em um ano, esses planos podem ficar ainda mais difíceis de serem atingidos. A Casa está no centro da disputa entre o ditador e o líder opositor Juan Guaidó.
Maduro foi eleito em maio de 2018 para um novo mandato no comando do país, mas a oposição não reconheceu o pleito, marcado por denúncias de fraudes e irregularidades.
Assim, a Assembleia considerou que a Presidência ficou vaga em janeiro, quando começaria o novo mandato de Maduro. Neste caso, a Constituição prevê que o presidente da Casa —Guaidó— deveria assumir a Presidência temporariamente até a realização de novas eleições.
Por isso, o opositor se declarou presidente interino da Venezuela e recebeu o apoio da Assembleia, mas o regime não reconheceu a medida.
Para complicar, a Assembleia Nacional na prática teve seus poderes esvaziados com a convocação em 2017 de uma Assembleia Nacional Constituinte, que também foi eleita em um pleito com denúncias de fraude e que é controlada pelo chavismo.
Cabello comanda a Constituinte, que, no atual sistema, é quem tem autoridade para adiantar eleições. Ela já mudou a data de algumas votações recentes, incluindo pleitos para os governados estaduais e para presidente.
O chavista criticou ainda as negociações realizadas em Barbados e mediadas pela Noruega. Segundo ele, a oposição vai para lá "enganar os venezuelanos, dizendo que dali vão sair eleições para presidente. Não vão", afirmou.
Cabello afirmou que seu partido ganharia as eleições legislativas caso elas de fato ocorram até o final do ano. Ele também convocou uma marcha de apoio ao regime para o próximo sábado (27), quando ocorrerá, em Caracas, uma reunião do Foro de São Paulo.
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