A Justiça eleitoral argentina decidiu vetar a divulgação de números oficiais das eleições primárias deste domingo (11) até a apuração de pelo menos 10% dos votos dos centros com mais eleitores —o que inclui a cidade de Buenos Aires, e as províncias de Buenos Aires (que não engloba a capital) , Córdoba e Santa Fé.
A medida foi tomada para evitar a confusão que houve nas primárias de 2017, quando a publicação imediata de resultados parciais levou a comemorações apressadas de candidatos que ao final acabaram perdendo. Na ocasião, a apuração nos grandes centros acabou sendo feita depois de cidades menores.
Com a decisão, os resultados só devem começar a ser anunciados no fim da noite.
As chamadas "paso" (primárias abertas, simultâneas e obrigatórias) foram criadas em 2009, com a intenção de diminuir o número de candidaturas que concorriam na eleição. As chapas que obtêm menos de 1,5% dos votos nessa etapa não podem concorrer no primeiro turno, marcado para 27 de outubro.
Além disso, a votação funciona como uma espécie de prévia, mostrando quanto de apoio cada candidato tem.
As pesquisas mostram uma disputa acirrada entre as chapas do presidente Mauricio Macri, que busca a reeleição, e a do peronista Alberto Fernández, que tem a ex-mandatária Cristina Kirchner como vice.
Levantamentos internos das duas principais coalizões, divulgados no sábado (10), apontavam uma vitória de Fernández sobre Macri por uma diferença de 2 a 4 pontos percentuais, dentro da margem de erro.
Antes de votar acompanhado por apoiadores, o candidato oposicionista levantou cedo para passear com seu cachorro, Dylan, uma das estrelas de sua propaganda eleitoral: "Coitado, ele não sabe que tem eleição hoje e tem que passear".
Já o atual o presidente e seus assessores começaram o dia com um café da manhã de trabalho no célebre Cafe Tortoni, no centro de Buenos Aires. Macri votou onde o faz tradicionalmente, numa escola em Palermo.
Em ambas as votações, houve discussões com militantes. Enquanto caminhava, Alberto Fernández pediu a jornalistas que se afastassem do caminho.
Já do lado de Macri, apoiadores do kirchnerismo gritaram: "arrume suas coisas porque você vai embora".
Como é o sistema eleitoral argentino
Senado
País é dividido em 24 distritos eleitorais (8 deles têm votação em 2019), cada um com três senadores e o eleitor vota apenas no partido; a sigla mais bem votada em cada distrito tem direito a dois senadores e a segunda, a um
Câmara
Estarão em jogo metade das vagas em cada um dos 24 distritos (um total de 130 das 257 cadeiras); o eleitor também vota apenas no partido, que tem uma lista fechada de candidatos; as vagas são então distribuídas de maneira proporcional de acordo com os votos recebidos pela sigla
Presidência
Sistema é semelhante ao brasileiro, em que cada eleitor vota em uma chapa formada por um titular e um candidato a vice; para vencer em 1º turno, o candidato precisa conseguir mais de 45% dos votos ou conquistar mais de 40% e ter uma diferença superior a 10% do segundo colocado; caso nada disso aconteça, há o segundo turno
Calendário eleitoral
11.ago (primárias)
Na votação realizada neste domingo, que é obrigatória, as chapas para o Legislativo e o Executivo precisam obter mais do que 1,5% dos votos para avançar para a próxima etapa
27.out (1º turno)
Além do pleito presidencial, eleitores também irão votar para renovar metade da Câmara, um terço do Senado e a maior parte dos governos locais
24.nov (2º turno)
Ocorre apenas nas votações para presidente, governadores de província e prefeito de Buenos Aires
Fontes: Constituição da Argentina e Ministério do Interior
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