Ataques a tiros nos EUA triplicam nesta década e somam 526 mortes desde 2010

País teve 114 massacres desde 1982 em escolas, igrejas, espaços de trabalho e outros locais

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São Paulo

Desde 1982, 114 massacres com uso de armas ocorreram nos Estados Unidos. Locais de trabalho, escolas e igrejas se acostumaram a testemunhar massacres que, na última década, cresceram em números.

Segundo levantamento realizado pela revista americana Mother Jones, que exclui assaltos e confrontos entre gangues e só considera ataques em lugares públicos com quatro ou mais vítimas, entre 2010 e 2019 ocorreram 63 ataques a tiros nos EUA, mais que o triplo da década anterior —20 episódios, que geraram 171 mortes no total. 

Pessoas em vigília em homenagem às vítimas do massacre em Ohio protestam com cartaz que diz: ‘Se eu morrer em um ataque terrorista supremacista branco, deixe meu corpo nas escadas do Congresso’  - Matthew Hatcher - 4.ago.2019/Getty Images/AFP

Considerando as vítimas dos dois casos deste final de semana, o saldo de 2010 até agora é de 526 mortes, aumento de 207% em relação ao período entre 2000 e 2009.

Treze horas separaram dois massacres em duas cidades diferentes dos EUA. Enquanto os moradores de El Paso, no Texas, faziam vigílias em homenagem aos 20 mortos do ataque a tiros realizado no sábado (3), em um Walmart da cidade que faz fronteira com o México, uma nova chacina ocorria em Dayton, no estado de Ohio. Lá, um atirador matou nove pessoas e feriu outras 27 na madrugada deste domingo (4), e foi morto pela polícia. 

A cada ataque como os deste final de semana, os EUA retomam o debate sobre restringir a posse de armas, mas as propostas não conseguem avançar.

No país, o lobby da bala, representado pela NRA (National Rifle Association, o lobby pró-armas americano), historicamente faz doações a congressistas —particularmente republicanos— para evitar regulações mais rígidas envolvendo a posse de armas.  

Grupos armamentistas dizem que a segunda emenda da Constituição dos EUA dá ao indivíduo direito de manter e de portar uma arma de fogo.

O número estimado de armas (registradas e ilegais) entre os cidadãos varia de 265 milhões a quase 400 milhões —a população americana soma cerca de 328 milhões de habitantes.

A presidente da Câmara dos Deputados americana, a democrata Nancy Pelosi, escreveu em um comunicado que os “senadores republicanos devem parar a obstrução ultrajante e se unir à Câmara para acabar com o horror e o derramamento de sangue que a violência armada inflige todos os dias nos EUA”. 

“Não podemos permitir que outra família ou comunidade sofra a dor e a angústia da violência das armas. Nós temos a responsabilidade de agir para o povo a quem servimos.”

No Twitter, o presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, classificou o ataque em Ohio como “um ato de covardia”. “Sei que estou junto a todos neste país para condenar o ato odioso de hoje. Não existem razões ou desculpas que justifiquem a morte de pessoas inocentes.” 

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