Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Embaixada do Brasil rebate críticas à política ambiental de Bolsonaro em carta ao editor-executivo do Washington Post

Assinada pelo ministro-conselheiro Nestor Forster, missiva acusa jornal de sensacionalismo

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São Paulo

Seguindo uma estratégia de responder às críticas da mídia estrangeira à política ambiental do governo Bolsonaro, a embaixada do Brasil enviou uma carta ao Washington Post contestando editorial do jornal americano sobre a Amazônia publicado nesta segunda-feira (5).

“Seu editorial 'Sem a Amazônia, o planeta está condenado' está cheio de imprecisões graves e pressupostos errados sobre as políticas ambientais adotadas pelo governo brasileiro”, disse o ministro-conselheiro da Embaixada do Brasil em Washington, Nestor Forster, em carta endereçada ao editor-executivo do Post, Martin Baron, obtida pela Folha.

Forster é encarregado de negócios na embaixada –está no comando do posto interinamente até que um novo embaixador assuma. Ele chegou a ser o mais cotado para assumir a embaixada, mas foi preterido pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), escolhido pelo pai, o presidente Jair Bolsonaro. O nome de Eduardo já foi enviado para aprovação do governo americano.

Área de pasto queimado as margens da BR-319, próximo a Humaitá
Área de pasto queimado as margens da BR-319, próximo a Humaitá - Lalo de Almeida/Folhapress

No editorial, o jornal americano afirma que “é um problema que afeta a todos o fato de o novo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, estar determinado a derrubar a floresta amazônica”.

“Bolsonaro diz que as informações de seu próprio governo são mentirosas, tirou poder do Ministério do Meio Ambiente e cortou o orçamento", afirma o jornal.
 
O texto do Post compara Bolsonaro ao presidente Donald Trump.

“Em sua negação da realidade, o populismo de direita de Bolsonaro se assemelha ao do presidente Trump. Os dois líderes alimentam suspeitas infundadas de que as preocupações ambientais são conspirações estrangeiras para minar a economia doméstica. Os dois estão comprometidos com a extração de recursos acelerada, ignorando as advertências de especialistas”, diz o editorial.
 
Em sua carta de resposta, Forster afirma que “manchetes sensacionalistas e editoriais de motivação política são ruins para a ciência”.

O diplomata afirma que o governo Bolsonaro está fazendo esforços significativos para manter os recursos destinados ao Ministério do Meio Ambiente, “cujos cortes em 2019 são muito menores do que os impostos a ministérios como o da Economia, Defesa, Educação e Agricultura".

"Esses números desmentem o argumento de seu editorial de que os cortes do orçamento são motivados por políticas. Na verdade, eles são resultado de uma das crises fiscais mais graves da história do Brasil, herdada de governos anteriores."

Forster ecoa Bolsonaro ao criticar os números do sistema Deter divulgados pelo Inpe, dizendo que o sistema tem lapsos e “distorce os números de desmatamento apresentados pela mídia”.

“O governo do Brasil está comprometido com o desenvolvimento de um novo sistema, com informação de satélite de resolução mais alta e monitoramento em tempo real que vai resultar em maior exatidão e contribuir para os esforços de cumprimento da lei na Amazônia.”
 
O Washington Post foi apenas uma das publicações estrangeiras a veicular editoriais ou reportagens com duras críticas à política de Bolsonaro para Amazônia e à exoneração de Ricardo Galvão, diretor do Inpe, após divulgação de dados sobre desmatamento que desagradaram ao presidente.

O tema foi capa da revista britânica Economist e objeto de longas reportagens no New York Times e no Guardian.

Na segunda-feira, a revista Foreign Policy publicou artigo do professor da Universidade Harvard Stephen Walt, inicialmente com o título “Quem vai invadir o Brasil para salvar a Amazônia?” —depois alterado para "Quem vai salvar a Amazônia (e como)?".

Forster respondeu ao artigo, afirmando tratar-se de "exercício irresponsável de retórica arrogante sobre um assunto sério".

"O principal sofisma contido no artigo é que o Brasil não está disposto ou não é capaz de preservar e desenvolver de forma sustentável a Amazônia, e que estados não identificados seriam capazes de fazê-lo. É um exercício irresponsável de retórica arrogante sobre um assunto sério."

Em sua reposta ao Washington Post, o diplomata também faz referência ao artigo da Foreign Policy. “Em relação a ‘alimentar suspeitas infundadas sobre conspirações estrangeiras’, eu gostaria de recomendar um artigo da Foreign Policy intitulado ‘Quem vai invadir o Brasil para salvar a Amazônia” e minha resposta a ele”.

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