O ex-ditador do Zimbábue Robert Mugabe morreu aos 95 anos nesta sexta-feira (6) em Singapura, onde passava por tratamento médico.
O atual presidente do país africano, Emmerson Mnangagwa, comunicou a morte, mas não informou a causa do óbito.
Mugabe comandou o Zimbábue de 1980 até novembro de 2017, quando saiu do posto sob ameaça de golpe das Forças Armadas.
Após a morte, ele foi declarado herói nacional do país por Mnangagwa, que o sucedeu. Mugabe era um "notável homem de Estado do nosso século", nas palavras do mandatário.
O país está em luto nacional até que o corpo seja enterrado.
Durante as quase quatro décadas no poder, foi denunciado no próprio país e no exterior como um autocrata obcecado pelo poder, disposto a desencadear esquadrões da morte, fraudar eleições e destruir a economia na incansável busca por controle.
Sua queda em 2017 provocou celebrações intensas no país de 13 milhões de habitantes. Para Mugabe, a deposição foi um ato de traição "inconstitucional e humilhante" por parte de seu partido e do povo.
Dividido nos últimos anos de sua vida entre Singapura e Harare, capital do Zimbábue, onde fica sua imensa mansão apelidada de "Telhado Azul", um Mugabe enfermo apenas observou de longe a política do país.
Na véspera da eleição de julho de 2018, a primeira sem ele, disse a repórteres que votaria na oposição, algo impensável alguns meses antes.
Educado e urbano, Mugabe assumiu o poder em 1980, após sete anos de uma guerra de libertação e –até a tomada do Exército– era o único líder que o Zimbábue, anteriormente Rodésia, conhecia desde a independência da Grã-Bretanha.
Mas como a economia implodiu a partir de 2000 e seu estado de saúde se deteriorou, Mugabe perdeu cada vez mais pessoas do seu círculo de confiança.
Outro motivo que o enfraqueceu foi a aparente intenção de abrir caminho para ser sucedido pela esposa, Grace, quatro décadas mais nova e conhecida por seus críticos como "Gucci Grace" devido ao gosto por compras de luxo.
O país atingiu o fundo do poço em 2008, quando uma inflação na casa dos bilhões levou a população a apoiar o ex-líder sindical Morgan Tsvangirai.
Enfrentando a derrota em um segundo turno presidencial, Mugabe recorreu à violência, forçando Tsvangirai a se retirar da disputa depois que dezenas de seus apoiadores foram mortos.
Em julho de 2018, na primeira eleição no país em quase 40 anos sem o nome de Mugabe nas urnas, Emmerson Mnangagwa, 75, foi eleito.
Antigo aliado do ditador, ele dirigiu órgãos de inteligência e ocupava o cargo de vice-presidente até poucas semanas antes de Mugabe sair do poder.
Foi a retirada de Mnangagwa da vice-presidência que levou militares a agirem, derrubando o ditador em novembro de 2017.
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