Bolsonaro ameniza discurso e diz que não pretende ter problema com Evo

Presidente havia defendido recontagem dos votos em eleição de domingo

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Tóquio

Depois de ter defendido uma recontagem dos votos na eleição presidencial da Bolívia, o presidente Jair Bolsonaro amenizou o discurso em relação ao país vizinho e disse que não pretende ter nenhum problema com Evo Morales.

Em seu último dia no Japão, de onde embarcou para a China, ele afirmou na manhã desta quinta-feira (24), noite de quarta-feira no Brasil, não acreditar que a crise no país vizinho possa interferir nas relações comerciais com o Brasil, sobretudo na compra de gás natural.

O presidente Jair Bolsonaro participa de evento em Tóquio - José Dias/Presidência da República

"Não vai chegar a esse ponto, muito pelo contrário. Quando estive com Evo Morales, ele disse que quer comprar um [avião] KC-390 nosso e pediu para facilitarmos a entrada e saída das nossas alfândegas em Rondônia. Ele está de bem comigo e não pretendo ter nenhum problema com ele. Eles querem, inclusive, ampliar a venda de gás para nós", disse.

Apesar do tom amistoso, Bolsonaro criticou a esquerda na América do Sul, que, segundo ele, usa a democracia para atingir seus objetivos. O presidente fez referência a uma frase que costuma ser atribuída ao líder da Revolução Russa, Vladimir Lênin —mas não se sabe se ela foi realmente dita por ele.

"Eles sempre usam as armas da democracia para conseguirem seus objetivos e depois mudam completamente. E tem aquela máxima de Lênin: 'Acuse-os do que você faz, chame-os do que você é'", disse.

A contagem dos votos na eleição boliviana gerou protestos no país e levou o próprio governo a pedir uma auditoria externa. A Organização dos Estados Americanos (OEA) manifestou “preocupação e surpresa” com a mudança na apuração do pleito.

A confusão ocorreu porque, após o encerramento da votação, o Tribunal Supremo Eleitoral usou dois métodos de apuração: somando os votos registrados em atas e contando os votos um a um. E apenas os resultados do primeiro foram divulgados num primeiro momento.

Diversos países, incluindo Estados Unidos, Argentina e Colômbia, assim como a União Europeia, também manifestaram preocupação com a situação. Depois de uma segunda-feira de protestos violentos na Bolívia, a terça-feira registrou movimentos menos intensos. Nesta quarta, grupos contra e a favor do presidente voltaram a ocupar as ruas.

Às 22h40 de domingo (20), com 89% das urnas apuradas por meio da contabilidade de atas, Evo tinha 45,7% contra 37,8% de Mesa —o resultado levaria a um segundo turno, cenário previsto por pesquisas de intenção de votos.

Durante a noite, no entanto, a apuração foi suspensa e nenhum voto foi computado. Na segunda-feira pela manhã, o tribunal afirmou que a apuração um a um mostrava resultados diferentes. Diante das divergências, a apuração feita pelo método voto por voto passou a ser considerada a que traria o resultado oficial.

Na noite da segunda, porém, a apuração via atas foi retomada e, com 95,22% das urnas apuradas, Evo foi anunciado vencedor no 1º turno com 46,86% dos votos, contra 36,73% de Mesa.

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