China acusa EUA de interferência com lei sobre Hong Kong

Manifestantes comemoram assinatura de sanção por violência em protestos por democracia, mas efeito é mais político

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Hong Kong

O governo chinês criticou duramente o americano por ter sancionado uma lei que prevê punição a autoridades que estejam envolvidas na repressão a protestos em favor da democracia em Hong Kong.

“Isso é pura interferência nos assuntos internos da China. A lei trata Hong Kong com intimidação e ameaças”, afirmou em comunicado o Ministério das Relações Exteriores em Pequim.

O Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau, que lida com as duas regiões especiais chinesas, divulgou nota afirmando que o ato do governo Donald Trump é “cheio de preconceito e arrogância”, e que “fatos provam que os EUA são a maior 'mão negra' por trás da interferência em Hong Kong”.

Além disso, o embaixador americano em Pequim, Terry Branstad, foi chamado ao ministério chinês pela segunda vez na semana para ouvir que haverá "fortes contramedidas" contra os EUA.

Trump, na verdade, não tinha opções. O projeto de lei, dois textos, foi aprovado pelas duas Casas do Congresso americano sem possibilidade de veto.

Os EUA estão no meio de complexas negociações com a ditadura comunista para tentar encerrar a guerra comercial iniciada por Trump após sua posse, em 2017.

Na prática, o ato é um instrumento de pressão política, já que parece um grande passo alguma autoridade ser realmente sancionada —até porque teria de ser algum político de alta patente, já que não é possível individualizar culpas na ação policial.

Manifestante com bandeira dos EUA durante protesto em Hong Kong
Manifestante com bandeira dos EUA durante protesto em Hong Kong - Marko Djurica/Reuters

Ativistas honcongueses já elaboraram uma lista de 40 nomes, a começar pela chefe do Executivo local, Carrie Lam. Mas é incerto que algo seja feito. Os alvos podem ter ativos seus congelados nos EUA e ter pessoas com quem travam negociações comerciais punidas também.

Além disso, um dos textos pede que o governo americano reveja anualmente o status de parceiro comercial com Hong Kong, a depender dos incidentes na antiga possessão britânica, o que pode criar problemas adicionais a uma economia já em recessão devido à fuga de investidores na esteira dos protestos.

Por fim, um segundo texto aprovado determina o banimento da exportação de armamentos não-letais americanos, como gás lacrimogêneo, para a contenção de protestos em Hong Kong.

Hong Kong vive quase seis meses de manifestações, com fases mais ou menos agudas. O estopim foi uma proposta de lei que facilitava a extradição de locais para a China continental.

Ela foi arquivada após milhões irem às ruas, mas as demandas continuam, como o pedido por anistia aos detidos nos atos, algo entre 4.000 e 6.000 pessoas.

A vitória da oposição na eleição distrital, equivalente à escolha de vereadores, arrefeceu o ritmo das manifestações.

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