Quem é Luis Lacalle Pou, que levou a oposição de volta ao poder no Uruguai

Presidente eleito mostra-se mais maduro do que a figura que se apresentou como jovem em 2014

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Eleito em sua segunda tentativa de chegar à Presidência, o candidato do Partido Nacional (blanco), Luis Lacalle Pou, 46, mostra-se hoje mais maduro do que a figura que se apresentou como “jovem” na campanha de 2014 e que perdeu no segundo turno para o socialista Tabaré Vázquez.

Casado há quase duas décadas com a paisagista Lorena Ponce de León e pai de três filhos, o presidente eleito nasceu em Montevidéu em 1973, ano em que começou a ditadura que comandou o país durante 12 anos.

O presidente eleito, Luis Lacalle Pou, comemora com apoiadores ao lado da mulher, Lorena Ponce de León, depois do segundo turno
O presidente eleito, Luis Lacalle Pou, comemora com apoiadores ao lado da mulher, Lorena Ponce de León, depois do segundo turno - Mariana Greif - 25.nov.2019/Reuters

Deputado eleito em 1999, tomou posse aos 26 anos e ficou na Casa por três mandatos consecutivos. Em março de 2015, assumiu a cadeira no Senado que ocupa até hoje.

Liberal nos costumes, o centro-direitista, anunciado oficialmente vitorioso nesta quinta-feira (28), apoia leis de direitos civis aprovadas durante o período em que o país foi governado pela Frente Ampla, como o casamento homossexual e as leis da maconha e do aborto.

Mas soma a isso um discurso mais à direita no que diz respeito à economia e à segurança pública.

Advogado, filho de pais políticos —o ex-presidente Luis Alberto Lacalle Herrera (1990-1995) e a ex-senadora Julia Pou—, Lacalle Pou defende que o Uruguai mude de posição em relação à Venezuela, passando a atuar junto ao Grupo de Lima por mais pressões contra a ditadura de Nicolás Maduro. 

É pro-Mercosul, mas rejeitou o apoio que recebeu do brasileiro Jair Bolsonaro, dizendo que não considera uma “coisa boa” que se opine sobre a política interna de outros países.

“O Uruguai, por sorte, não decide o que os brasileiros pensam, decide apenas o que acontece e o que precisam os uruguaios”, afirmou ao jornal local El Observador.

Durante a campanha, Lacalle Pou disse considerar o Estado uruguaio custoso e pouco eficiente.

Em relação à segurança, defendeu mais policiais nas ruas e um endurecimento nas penas dos crimes considerados graves —em oposição ao seu opositor, da Frente Ampla, que apostou no discurso da prevenção da violência.

O tema teve papel central na disputa por conta do aumento da insegurança no Uruguai, que viu os homicídios aumentarem 48% e os roubos com violência subirem 53%, segundo o Ministério do Interior. 

A eleição deste ano foi a mais apertada dos últimos 20 anos. Na madrugada seguinte ao pleito, com 99,31% das urnas apuradas, Lacalle Pou liderava a contagem por 48,75% contra 47,47% do governista Daniel Martínez, 62, da Frente Ampla.

Como a diferença era de apenas 30.581 votos, a Corte Eleitoral decidiu adiar o anúncio do vencedor para analisar os chamados "votos observados", que somam 35 mil. 

Nessa categoria, entram os eleitores que votaram em uma zona eleitoral diferente de onde estão registrados ou que não são encontrados nos cadastros nos locais de votação e, por isso, têm os dados anotados para serem verificados posteriormente. 

Após quatro dias de checagem desses votos, o Partido Nacional foi anunciado vencedor por uma diferença de cerca de 1% dos votos —e o escrutínio final deve ser divulgado até sábado (30).

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.