Descrição de chapéu The New York Times

Com 5 meses de atraso, comissão anuncia reeleição de atual presidente do Afeganistão

Opositores ameaçam formar governo paralelo em contestação ao resultado

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Cabul (Afeganistão) | The New York Times

O presidente Ashraf Ghani foi declarado nesta terça-feira (18) vencedor da eleição presidencial no Afeganistão, após meses de adiamento da divulgação dos resultados e dura disputa.

Políticos da oposição contestaram o anúncio, ameaçando uma grande crise política às vésperas da conclusão de um acordo de paz dos EUA com o Taleban.

Apoiadores do adversário de Ghani, Abdullah Abdullah, acusam a comissão eleitoral do país de favorecer o presidente e ameaçam formar um governo paralelo caso a comissão anunciasse resultados que não atendessem às suas queixas.

O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, durante conferência no palácio presidencial, em Cabul
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, durante conferência no palácio presidencial, em Cabul - Shah Marai - 12.jul.16/AFP

A votação, realizada em setembro em meio a um número recorde de ataques do Taleban para desestabilizar o processo, foi adiada várias vezes e prejudicada pela incerteza no país.

Mas o presidente americano, Donald Trump, desprezou as negociações poucas semanas antes da data prevista para a votação, abrindo caminho para que ela se realizasse.

Agora, com essas tratativas retomadas e o anúncio de uma data condicional para a assinatura de um acordo, a nova crise política apresenta o risco de desencaminhar o frágil processo, que deveria facilitar as negociações entre o governo afegão e o Taleban sobre o futuro político do país.

"Mesmo que ponham uma faca em meu pescoço, mesmo que me enforquem, não aceitarei um anúncio baseado em fraude", disse Abdul Rashid Dostum, um dos principais apoiadores de Abdullah e ex-vice-presidente de Ghani, em um encontro na semana passada.

"Se anunciarem um governo baseado em fraude, anunciaremos um governo paralelo."

Em uma entrevista coletiva para divulgar o resultado depois de uma auditoria de cerca de 15% dos votos, o chefe da comissão eleitoral disse que Ghani venceu com uma margem muito estreita —50,64% dos votos. Abdullah recebeu 39,5%, segundo a comissão.

A vitória dá a Ghani mais cinco anos na Presidência do país.

Abdullah e vários outros candidatos disputaram aproximadamente 300 mil votos dos 1,8 milhão de eleitores que compareceram à votação.

Entre esses havia 100 mil votos registrados no sistema antes ou depois do horário de votação —em alguns casos, semanas ou meses.

Os seguidores de Abdullah dizem que esses foram votos fraudulentos a favor de Ghani. A comissão eleitoral atribuiu as irregularidades a erro humano ao definir a hora e a data dos equipamentos que registraram os votos.

Faze Ahmad Manawi, membro da equipe de Abdullah, disse horas antes do anúncio que "nem a instituição chamada comissão eleitoral independente tem legitimidade aos nossos olhos nem o resultado que ela possa anunciar".

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