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Chile tem greve de mulheres e novas manifestações

Protestos em Santiago e em Valparaíso terminam em confronto com a polícia

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Santiago e Cidade do México | AFP e Reuters

Milhares de mulheres participaram nesta segunda-feira (9) de uma greve no Chile para defender bandeiras feministas e de direitos civis, no segundo dia consecutivo de manifestações sobre o tema no país.

Escritórios, escolas e diferentes órgãos do governo foram afetados pela paralisação, que ganhou o nome de "um dia sem nós". Entre as bandeiras defendidas pelas participantes estão a luta contra o feminicídio e a legalização do aborto.

Mulher grita contra o governo na frente do Palácio de La Moneda, em Santiago
Mulher grita contra o governo em frente ao Palácio de La Moneda, em Santiago - Ivan Alvarado/Reuters

Muitas das grevistas também participaram de um ato na Praça Itália, no centro de Santiago. Tanto a paralisação quanto o protesto são uma espécie de continuação da marcha realizada na capital no domingo (8), em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

A manifestação de domingo ganhou contornos históricos e, segundo as organizadoras, reuniu 2 milhões de pessoas no centro da cidade.

Já a polícia inicialmente afirmou que foram 150 mil, mas depois o governo chileno criticou a contagem das forças de segurança e afirmou que ao menos 1 milhão de pessoas tinham participado do evento.   

A manifestação desta segunda foi bem menor —cerca de 3.000 pessoas, segundo a agência de notícias AFP.   

Com mulheres vestindo uniformes médicos, macacões industriais e uniformes escolares, o grupo se reuniu ainda pela manhã na Praça Itália, local que se tornou símbolo dos protestos contra o presidente Sebastián Piñera que sacodem o Chile desde outubro.

De lá, a marcha seguiu pelo centro da capital, com mulheres tocando bateria, dançando e cantando "E como, como, como diabos eles podem nos torturar e estuprar e ninguém faz nada?".

Antonia Caceres, 16, deixou de ir a escola para participar do ato. "As mulheres não são respeitadas nem na economia nem na sociedade", disse. "Estou em uma escola só para mulheres e ainda vemos muito machismo. Um professor me disse que matemática e mulheres não combinam, que nunca entenderíamos."

Apesar do clima pacífico no início, houve confronto com as forças de segurança quando o protesto se aproximou do Palácio de La Moneda, sede do governo chileno.

Os policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar as manifestantes, que responderam montando barricadas em alguns pontos da cidade.

Protestos menores também foram feitos nas proximidades de algumas estações de metrô, que foram fechadas.

Além da capital, atos foram realizados em outras cidades do país, de acordo com a imprensa local. Em Valparaíso, também houve confronto entre os manifestantes e as forças policiais.

Argentina e México também registraram greves de mulheres nesta segunda.

Em Buenos Aires, milhares de mulheres se mobilizaram para apoiar a legalização do aborto, repudiar os feminicídios e denunciar o tráfico de pessoas.

O centro da cidade foi tomado por manifestantes usando adereços verdes (cor que simboliza a luta pelo aborto legal) e roxos (que representa a luta feminista), em uma manifestação com cartazes, grandes bandeiras, performances e tambores.

O presidente Alberto Fernández estabeleceu como uma de suas prioridades de governo a apresentação de um projeto para autorizar o aborto no país só pela vontade da mulher até a 14ª semana de gestação.

Já no México, as manifestantes protestaram contra o aumento de 137% no número de feminicídios do país em cinco anos.

Na Cidade do México, muitas mulheres aderiram a paralisação, deixando as ruas vazias e levando escolas e escritórios a não abrirem.

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