Um navio de cruzeiro está preso na costa oeste do Panamá pois não consegue permissão para atracar em nenhum porto. O motivo: ao menos dois passageiros contraíram Covid-19 e outros quatro morreram —as causas não foram confirmadas.
A embarcação MS Zaandam partiu de Buenos Aires em 7 de março e deveria terminar sua rota no dia 21, em San Antonio, no Chile. As autoridades chilenas, no entanto, proibiram que o navio atracasse. O mesmo aconteceu em outros portos.
O cruzeiro, então, seguiu para o norte, com passageiros relatando sintomas de gripe.
Em 22 de março, segundo a companhia Holland America Line, operadora da embarcação, 13 turistas e 29 integrantes da equipe de bordo procuraram o centro médico do barco com um quadro gripal.
Cinco dias depois, outros 53 passageiros e 85 funcionários fizeram o mesmo. Ao todo, o MS Zaandam tem 1.243 passageiros e 586 funcionários.
"Estamos presos neste navio da morte", disse a passageira Yadira Garza à Bloomberg.
No dia 24, a Holland America Line informou o envio de outro navio, o Rotterdam, de encontro ao MS Zaandam. A ideia era levar mantimento e testes para detecção da Covid-19, além de outros itens.
No sábado (28), teve início a transferência de um grupo de 400 pessoas assintomáticas do Zaandam para o Rotterdam, "seguindo protocolos estabelecidos em conjunto com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos", de acordo com a companhia.
A Holland America Line confirmou à Folha que há dois passageiros brasileiros no Zaandam e outros dois no Rotterdam. Devido ao protocolo de privacidade dos passageiros, a empresa não informou, entretanto, qual é o estado de saúde dos brasileiros.
Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que está acompanhando o caso. "Vamos trabalhar, em coordenação com a companhia responsável pelo cruzeiro, para viabilizar o retorno dos brasileiros o mais rapidamente possível", informou o Itamaraty.
"Quatro pessoas estão mortas, e isso está na consciência de todas as pessoas que, ao longo do trajeto, rejeitaram-nos", disse à agência de notícias AFP a americana Laura Gabaroni, retirada do navio com o marido.
"O que precisamos, mais do que nunca, neste momento, é de um lugar para atracar, para que os doentes sejam atendidos e as pessoas saudáveis façam o que devem fazer para retornar a seus lares e a suas vidas."
No último comunicado, publicado na madrugada desta segunda (30), o presidente da Holland America Line, Orlando Ashford, informou em um vídeo que obteve permissão para atravessar o Canal do Panamá.
"A situação é difícil e sem precedentes, e toda a minha equipe tem trabalhado incessantemente junto a agências governamentais para buscar uma solução."
A ideia é chegar a Fort Lauderdale, na Flórida (EUA), nesta segunda (30). Não há, no entanto, certeza de que o MS Zaandam poderá, finalmente, atracar.
"Não há garantias de que os turistas serão escoltados do navio até um centro de assistência ou colocados em quarentena. Isso é totalmente inaceitável", tuitou o prefeito da cidade americana, Dean Trantalis.
"Não podemos colocar em risco ainda maior nossa comunidade, já que temos nossa própria crise sanitária, com milhares de pessoas que já receberam o diagnóstico da letal e contagiosa Covid-19."
Em entrevista à Fox News, o governador da Flórida, Ron DeSantis, disse ser contra o desembarque dos passageiros no estado americano.
"Não podemos permitir que pessoas que nem são da Flórida sejam despejadas para usar nossos valiosos recursos", acrescentou.
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