O presidente americano, Donald Trump, ordenou nesta terça-feira (14) a interrupção, ao menos temporária, do pagamento das contribuições dos EUA à Organização Mundial da Saúde (OMS).
O líder republicano justificou a decisão ao criticar a forma com que a entidade tratou a pandemia de coronavírus.
Durante entrevista coletiva na Casa Branca, Trump afirmou que a OMS "falhou em seu dever básico e deve ser responsabilizada". Disse também que a organização promoveu desinformação criada pela China sobre o vírus –o que, na opinião do presidente, provavelmente levou a um surto maior do que o previsto.
O americano criticou a entidade por ter "acreditado nas garantias dadas pela China" e culpou a OMS por um aumento de 20 vezes do número de casos em todo o mundo.
Pequim e Washington travam uma disputa de narrativas sobre a crise da Covid-19. Trump já se referiu várias vezes ao novo coronavírus como "vírus chinês". O país asiático, por sua vez, acusa o americano de xenofobia.
No início de março, autoridades do regime chinês divulgaram teorias sobre uma suposta conspiração e apontaram que o coronavírus foi levado à China por militares dos EUA.
Os Estados Unidos são os maiores doadores da OMS —em 2019, o país desembolsou US$ 400 milhões (R$ 2,06 bilhões), equivalente a cerca de 15% do orçamento da organização sediada em Genebra.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que este é o momento de a "comunidade internacional trabalhar em solidariedade para impedir o vírus e suas consequências devastadoras".
Esta não é a primeira vez que os Estados Unidos de Donald Trump confrontam a atuação de órgãos multilaterais.
Em janeiro de 2019, tanto os EUA quanto Israel deixaram a Unesco, agência de educação, ciências e cultura das Nações Unidas.
Os dois países alegaram que o organismo estimula um sentimento anti-israelense —um dos exemplos citados foi o fato de a Autoridade Palestina ter sido aceita como membro em 2011.
No entanto, Washington já não contribuíra para o órgão desde 2011—até então, os EUA respondiam por 22% do orçamento total da entidade.
O mesmo viés contra Israel foi citado quando Washington decidiu deixar o Conselho de Direitos Humanos da ONU, em junho de 2018.
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