Após semanas de confinamento e com o verão se aproximando, países europeus como França, Grécia e Sérvia estão saindo rapidamente do isolamento social.
Essas nações estavam entre as que mais haviam diminuído a movimentação de pessoas até meados de abril e agora imprimem ritmo de reabertura maior que a do resto do continente.
O relaxamento nas regras acontece após os números de casos e de mortes por Covid-19 desacelerarem na região, ainda que o temor de uma segunda onda de infecções permaneça.
A Folha analisou os dados de monitoramento feito pelo Google em movimentação de aparelhos móveis em estabelecimentos como restaurantes, museus, lojas e equipamentos de lazer.
Assim, foram identificados 12 países que apresentavam queda maior que a média na circulação em abril, mas que, agora, saem do confinamento em ritmo mais acelerado que a média do continente. No total, foram consideradas 35 nações no levantamento.
A França liderou a redução de movimento em relação à média de janeiro e fevereiro, antes da explosão da epidemia. A diminuição foi de 81%, ante uma média na Europa de 59%.
O país chegou a ser um dos países da Europa mais atingidos pela doença. Após uma política forte de isolamento, a doença perdeu força. No dia 11, começou o relaxamento das medidas restritivas.
Os habitantes passaram a poder sair de casa sem comprovar necessidade. Comércios, fábricas e empresas de setores considerados não essenciais, como salões de beleza, lojas de roupas, floriculturas e livrarias, reabriram pela primeira vez após 55 dias de confinamento.
A saída de casa inicialmente foi tímida, mas se intensificou com o tempo, mostram os dados apurados pelo Google. A queda de movimento nos estabelecimentos de lazer, que era de 81% em abril, caiu para 48% neste mês —sempre em comparação com janeiro e fevereiro.
Ou seja, houve redução de 33 pontos percentuais em cerca de um mês, enquanto a média de redução no continente foi de 25 pontos.
Em outro levantamento do Google, que analisa movimento em parques e praias, a redução do fluxo na França foi de quase 80% no começo de maio para apenas 13% agora.
Essa saída da quarentena no continente tem preocupado o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês).
“Em suas avaliações de risco, a agência afirmou que os governos devem informar claramente à população que a possibilidade de uma segunda onda existe, mesmo que a pandemia tenha sido vencida agora”, afirmou Stefan de Keersmaecker, porta-voz da Comissão Europeia para saúde pública, quando os europeus começaram a relaxar o isolamento.
A Grécia era o segundo país que mais havia reduzido a movimentação em abril (75%). Agora, essa redução é de apenas 35%.
Lá, uma preocupação adicional é com a retomada do turismo, que representa ao menos 20% do PIB local. A temporada de verão começa oficialmente em um mês.
“Vamos fazer este verão o epílogo da crise [da Covid-19], afirmou o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.
Os países onde a quarentena mais caiu, em pontos percentuais, estão na região dos Balcãs, que também inclui a Grécia. Sérvia, Croácia e Eslovênia adotaram rapidamente medidas para conter o vírus, e o número de mortes ficou entre os menores do continente.
Também tem havido aumento na movimentação na Itália e Espanha, que chegaram a ser o epicentro da pandemia, mas que têm conseguido diminuir o número de casos.
Em abril, os dois países reduziram o fluxo de pessoas em estabelecimentos de lazer em mais de 80%. Agora, essa redução está mais de 20 pontos menor, ainda que num ritmo mais lento que o do restante do continente.
Países do norte da Europa, como Dinamarca, Suécia e Reino Unido, são onde a quarentena mais se manteve entre abril e maio (variação de menos de 10 pontos percentuais).
Os escandinavos, porém, também pouco haviam reduzido a movimentação nos espaços de lazer (queda de até 20 pontos percentuais, apenas). A Suécia, especificamente, ainda não conseguiu desacelerar consistentemente o número de casos e de mortes.
Assim como o Reino Unido, mas com uma diferença: os britânicos reduziram fortemente a movimentação em locais de lazer em abril (73%), patamar que ficou estável em maio (67%).
Outra peculiaridade britânica é que o primeiro-ministro, Boris Johnson, inicialmente se mostrou contrário ao isolamento social. Ele passou a defender a medida depois de França, Itália e Espanha, por exemplo.
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