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Merkel destaca importância da imprensa crítica em tempos de pandemia

Para chanceler, jornalistas devem poder confrontar governos e sociedade precisa de informação confiável

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Berlim | DW

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, destacou neste sábado (16) a importância da liberdade de imprensa —e de uma imprensa crítica— para o funcionamento da democracia, especialmente nos tempos atuais, quando o mundo enfrenta uma pandemia.

"Os jornalistas devem poder ter um olhar crítico sobre um governo e todos os atores políticos", disse a chefe de governo em seu programa semanal em vídeo, que neste sábado marca os 75 anos da publicação do primeiro jornal após o fim da Segunda Guerra Mundial e do nazismo.

Angela Merkel discursa ao microfone vestindo terno azul marinho
A chanceler alemã Angela Merkel durante pronunciamento sobre a pandemia do coronavírus - Michel Kappeler/Reuters

Segundo Merkel, uma democracia "precisa de fatos e informação", "precisa ser capaz de distinguir a verdade da mentira". Também exige uma "esfera pública em que se possa argumentar e expressar diferentes opiniões, a fim de desenvolver soluções conjuntas para problemas".

"Isso requer tolerância com a opinião dos outros. Mas também requer a habilidade de olhar com criticismo para as próprias opiniões", continuou a chanceler.

Ela afirmou que ser capaz de observar a realidade a partir de diferentes perspectivas e de formar opiniões a partir delas é crucial em tempos de crise de coronavírus. "Especialmente neste contexto, informação bem apurada é de grande importância para todos nós."

Merkel ainda condenou os ataques a jornalistas durante protestos contra o isolamento na Alemanha.

Segundo ela, o estado da liberdade de imprensa serve como "um indicador do estado de nossa democracia como um todo".

"Por isso é ainda mais lamentável quando, mesmo aqui, em nossa sociedade democrática, repórteres e jornalistas são atacados", afirmou. "O trabalho dos jornalistas deve ser respeitado, valorizado e apoiado."

Os ataques a equipes de reportagem de televisão em Berlim trouxeram preocupações sobre a liberdade de imprensa na Alemanha.

Grupos de extrema direita, teóricos da conspiração e ativistas antivacina têm direcionado sua fúria ao que chamam de Lügenpresse ("imprensa da mentira", termo usado desde os anos 1800, mas empregado com maior destaque pelos nazistas), acusando jornalistas de não cobrirem todo o espectro de opiniões ao informar sobre a pandemia.

Em seu programa, a chanceler rejeitou essa crítica sobre a parcialidade da imprensa, afirmando "não ver dessa forma, pelo contrário".

"Aprendemos todos os dias, especialmente sobre ciência, e ela nos fornece novos conhecimentos. É absolutamente importante que entendamos isso e que muitas pessoas aprendam sobre isso. As ofertas da mídia, tanto pública como privada, garantem isso."

Ao lembrar os 75 anos do surgimento da mídia livre após o fim da Segunda Guerra, Merkel observou que apenas a Alemanha Ocidental se beneficiava da liberdade de imprensa.

"Não havia liberdade de imprensa na RDA [República Democrática Alemã]", afirmou, acrescentando: "Sabemos ainda hoje que, quando regimes autoritários chegam ao poder, antes de tudo a liberdade de imprensa é suprimida, e o jornalismo livre não é mais possível".

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