Descrição de chapéu Coronavírus

Ao reimpor confinamento em distrito, Alemanha expõe temor de 2ª onda na Europa

1.553 funcionários de frigorífico tiveram teste para Covid-19 positivo; novo lockdown atinge cerca de 370 mil

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Bruxelas e São Paulo

A Alemanha reimpôs nesta terça (23) um confinamento pela primeira vez desde que começou a relaxar as medidas de controle da pandemia de coronavírus, após um surto que começou na semana passada em um frigorífico em Gütersloh, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, o mais populoso do país.

Mais de 1.500 dos 7.000 funcionários do frigorífico tiveram teste positivo para a Covid-19, no que o primeiro-ministro da região, Armin Laschet, chamou de o "maior surto" dessa crise no país. Todos os trabalhadores do frigorífico foram colocados em isolamento.

Homem é testado em região da Alemanha que teve surto de coronavírus - Leon Kuegeler - 22.jun.2020/Reuters

Além do distrito de Gütersloh, as novas restrições vão atingir parte do distrito vizinho, de Warendorf, afetando cerca de 370 mil pessoas. Apenas pessoas de uma mesma família ou no máximo duas de famílias diferentes podem se encontrar em público.

Bares, museus, piscinas e escolas ficarão fechados, e restaurantes só podem receber pessoas de uma mesma família.

Segundo Lachet, o confinamento deve durar no mínimo uma semana, para que seja possível avaliar se o vírus se espalhou para além dos empregados da fábrica e suas famílias. Até esta terça, havia 24 casos confirmados entre não funcionários do frigorífico.

O surto de Gütersloh elevou a taxa de contágio do país, calculada pelo Instituto Robert Koch (agência de vigilância e saúde do país), de 0,86 na última quarta para 2,76 nesta terça. Isso indica que cada 100 pessoas infectadas transmitem o coronavírus para outras 276, fazendo o número de casos quase quadruplicar.

O instituto ressalvou, porém, que esse número alto se deve ao fato de que a cifra de novos casos em geral no país está muito baixa, o que aumenta o peso do surto no frigorífico.

Na segunda (22), o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesu, chamou a atenção para os recordes de novos casos pelo mundo e ressaltou que, mesmo os países que conseguiram conter a transmissão do coronavírus e passaram a reabrir estão observando um aumento nas contaminações.

Assim como na Alemanha, o crescimento de novos casos levou governos de diferentes países a recuarem parcialmente nas retomadas de suas economias e a voltarem a impor medidas pontuais de distanciamento social.

Em Portugal, o limite para reuniões de pessoas em Lisboa foi novamente reduzido para no máximo 10. No resto do país, continua valendo a regra mais leve, que permite reuniões de 20 pessoas. Além disso, lojas, cafés e bares terão que fechar às 20h em toda a região metropolitana da capital portuguesa.

Já na Coreia do Sul, considerada um dos casos mais bem sucedidos na contenção da pandemia, o governo admitiu que uma segunda onda está em curso, com foco em Seul. Segundo o jornal Korea Herald, os 788 casos na capital registrados até o dia 22 de junho já superam os 505 de maio e os 412 de abril.

De acordo com a diretora do Centro para Prevenção e Controle de Doenças da Coreia (KCDC), o número de casos cresceu devido a um aumento na circulação de pessoas durante um feriado em maio.

O prefeito da capital sul-coreana, Park Won-soon, afirmou que pode restringir a circulação na cidade caso o número médio de novos casos ultrapasse 30 ao longo de três dias —ou se 70% dos leitos de hospital estiverem ocupados.

O Ministério da Saúde local também afirmou que o número de casos vindos do exterior cresceu muito na última semana e que, assim, o controle nas fronteiras deveria ser reforçado.

Em Israel, o primeiro ministro Binyamin Netanyahu anunciou no Twitter que irá declarar zonas restritas as áreas que tiveram um aumento agudo no número de casos.

O país viu crescer a contaminação por Covid-19 nas últimas duas semanas e se preocupa com uma segunda onda de infecções. São mais de 20 mil casos confirmados no total, e média de 307 novos casos diários entre 16 e 22 de junho. Na maior parte do mês de maio, a cifra diária dificilmente passou de 30.

No Irã, foram registradas na última semana mais de cem mortes diárias, o que não acontecia há mais de dois meses. Com mais de 200 mil casos confirmados no país, a televisão estatal reforçou os alertas para manter o distanciamento social à medida que a população deixou de cumprir as medidas de prevenção.

Ainda no Oriente Médio, depois de três meses de números baixos, a Arábia Saudita teve um salto em junho, o que levou à proibição de atividades não essenciais em algumas cidades, regra que está sendo considerada também para a capital Riad. Na segunda (22), o governo saudita anunciou que a peregrinação a Meca será restrita a residentes no país.

Assim, o recuo parcial alemão deixa explícito que, muitas vezes, desconfinar é tão ou mais difícil que confinar e que o chamado "novo normal" pode vir a ser uma sucessão de desconfinamentos seguidos de confinamentos.

Em todo o país, a Alemanha registrou 537 novos casos entre domingo e esta segunda (22), elevando o total a 190.359 desde o começo da pandemia. Houve três mortes em 24 horas e um total de 8.885 mortos até segunda.

Assim como a Organização Mundial de Saúde, o IRK afirmou que o surto não indica uma segunda onda, mas é preciso manter a vigilância. "O vírus ainda está em nosso país e, se dermos a chance de se espalhar, ele vai aproveitá-la”, afirmou Lothar Wieler, presidente da agência.

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