Descrição de chapéu Coronavírus

Negacionista de Belarus afirma que contraiu coronavírus, mas não apresentou sintomas

Conhecido pelo desdém no combate à Covid-19, Lukachenko sugeriu vodca e sauna contra patógeno

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Minsk | Reuters

O líder de Belarus, Aleksandr Lukachenko, um dos principais negacionistas da Covid-19 no mundo, anunciou nesta terça-feira (28) que foi contaminado pelo novo coronavírus e que já está curado.

Diante de militares na capital Minsk, Lukachenko usou um tom provocador ao dizer que não apresentou qualquer sintoma. "Hoje [terça] vocês estão conhecendo um homem que sobreviveu ao coronavírus de pé. Isso é o que os médicos concluíram ontem [27]. Assintomático", afirmou.

O líder de Belarus, Aleksandr Lukachenko, participa das comemorações do dia da independência, na capital Minsk
O líder de Belarus, Aleksandr Lukachenko, participa das comemorações do dia da independência, na capital Minsk - Vasily Fedosenko - 3.jul.2020/Reuters

"Como eu disse, 97% da população carrega esse vírus assintomaticamente", continuou, sem informar qualquer fonte dos dados apresentados. O ex-líder de fazendas coletivas da União Soviética, no poder desde 1994, tampouco disse como teria contraído o vírus.

Lukachenko ficou conhecido internacionalmente por seu desdém aos perigos da Covid-19, resistindo a implantar medidas duras de isolamento e chamando o temor da doença de "psicose".

Ele também sugeriu beber vodca —ou mesmo lavar as mãos com a bebida, frequentar saunas e jogar hóquei no gelo como boas maneiras de combater o vírus.

No início de abril, afirmou que ninguém morreria do novo coronavírus no país. Segundo ele qualquer morte seria resultado de comorbidades, como doenças do coração ou diabetes.

Com uma população de 9,5 milhões de pessoas, o país registrou 67.366 casos do novo coronavírus, com 543 mortes, segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins. ​

Na contramão de outros países europeus, Belarus manteve suas fronteiras abertas, assim como a liga nacional de futebol seguiu em atividade, com partidas abertas ao púbico.

Entretanto, a frustração com a gestão de seu governo durante a pandemia deu início aos maiores protestos do país nos últimos anos. Eles acontecem pouco antes da eleição presidencial, em 9 de agosto.

O discurso de Lukachenko, nesta terça, ocorreu justamente após observar treinamentos de forças especiais da polícia com o uso de gás lacrimogêneo e canhões de água, táticas para coibir os atos.

Para o analista político Alexander Klaskovsky, a campanha de Lukachenko está acontecendo sob uma atmosfera de repressão e intimidação. "As autoridades esperam que essa exibição de músculos e ameaças irão manter as pessoas fora das ruas", afirmou.

Apelidado de "barata" pelos críticos, Lukachenko é conhecido por perseguir adversários. Dois de seus principais rivais no pleito foram presos, em uma ampla repressão a dissidentes.

Apoiadores de Svetlana Tikhanouskaya durante comício em Borisov, na Belarus - Vasily Fedosenko - 23.jul.2020/Reuters

Grupos de direitos humanos afirmam que mais de 1.110 pessoas foram detidas nas últimas semanas. As manifestações têm acontecido com a liderança de Svetlana Tikhanouskaya, esposa de um dos candidatos presos, que assumiu o lugar do marido.

Nesta terça, jornalistas foram detidos do lado de fora do quartel-general do serviço de inteligência bielorrusso. Eles foram levados para uma delegacia e liberados.

Lukachenko tem comparado a oposição a gangues criminosas. Ele acusa os manifestantes de tentarem criar uma revolução violenta com a ajuda de estrangeiros.

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