Explosão piora situação dos milhares de refugiados sírios em Beirute

Ao menos 34 morreram e 124 ficaram feridos; crise deve aumentar pobreza de grupo já vulnerável

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Viçosa (MG)

A explosão que destruiu Beirute na última semana atingiu em cheio os milhares de sírios que vivem na cidade. País com o maior número de refugiados no mundo proporcionalmente ao número de habitantes, o Líbano abriga cerca de 1 milhão de sírios, que representam um sexto do total da população do país.

Dos mais de 200 mortos pela explosão no porto na terça (4), pelo menos 34 são refugiados, segundo a agência da ONU para o tema (Acnur). O número pode ser maior, já que ainda há sete desaparecidos e 124 ficaram feridos, 20 deles com ferimentos graves. Cerca de 200 mil refugiados vivem na capital libanesa.

O sírio Ahmed Staifi que perdeu e esposa e as filhas na explosão, nos destroços de sua casa em Beirute
O sírio Ahmed Staifi, que perdeu a esposa e as filhas na explosão, nos destroços de sua casa em Beirute - Alkis Konstantinidis/Reuters

Com uma extensa fronteira com o Líbano, a Síria entrou em guerra civil em 2011 e, desde então, o país vizinho é um destino muito comum para quem foge da violência do conflito.

Segundo o último relatório do Acnur, com números de 2019, são mais de 910 mil os refugiados no Líbano —fora outros 476 mil palestinos que também vivem no pequeno país.

A vida no exílio, porém, é dura para eles, tanto nas cidades libanesas quanto em campos de refugiados. Um relatório de 2018 mostra que 70% estavam abaixo da linha da pobreza e que 40% dos sírios em idade ativa estavam desempregados.

A crise econômica que atingia o Líbano antes da explosão e a recessão extra devido à pandemia de coronavírus já dificultavam a sobrevivência deles. Agora, com a nova tragédia em Beirute, a situação deve ficar pior.

ONGs que atuam com essa população estão sobrecarregadas e preocupadas com o que virá num futuro próximo. O presidente de uma delas, Amel Association International, disse à agência de notícias AFP que em 47 anos de trabalho humanitário no Líbano nunca viu uma época tão difícil.

Muitas entidades esperam também um aumento no número de sírios que desejam retornar a seu país, apesar dos riscos.

Outro temor é de que a explosão dificulte a chegada de ajuda humanitária até a Síria, já que o porto de Beirute era um dos principais pontos de entrada de suprimentos enviados por organizações humanitárias internacionais.

O Acnur afirma que continua trabalhando para identificar as vítimas e que sua resposta humanitária à tragédia, no valor de US$ 12 milhões (R$ 65 milhões), atende não só os refugiados, mas também os próprios libaneses. O apoio inclui abrigo, aconselhamento psicológico, auxílio financeiro de emergência às famílias e ajuda nos preparativos para o enterro dos mortos.

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