A junta militar que deu um golpe no Mali no mês passado —e que está no poder desde então— nomeou um novo presidente para o país.
Coronel reformado e ex-ministro da Defesa, Bah Ndaw, 70, foi indicado para liderar o Mali por um período de transição de 18 meses. Ao fim desse prazo, a junta prometeu devolver o poder aos civis.
O cargo de vice-presidente será ocupado pelo líder da junta, o também coronel Assimi Goita. A posse de ambos está prevista para sexta-feira (25).
O grupo —que chegou a deter o presidente deposto, Ibrahim Boubacar Keita, durante nove dias— vem enfrentando pressões da Comunidade dos Estados da África Ocidental (Cedeao) para retomar a ordem constitucional e nomear um primeiro-ministro civil.
Não se sabe se a Cedeao aceitará o arranjo feito no comando do país. Na semana passada, a organização ameaçou impor um embargo econômico ao Mali caso os militares não acatassem suas exigências. Em retaliação ao golpe, ela já havia fechado as fronteiras e interrompido fluxos financeiros com país.
Uma delegação da Cedeao encabeçada pelo ex-presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, visitará o Mali na quarta-feira (23) para retomar as negociações iniciadas em agosto, que não chegaram a um acordo.
A escolha de Ndaw e Goita dividiu o Movimento 5 de Junho-União de Forças Patriótica (M5-RFP), grupo de partidos de oposição que liderou uma onda de protestos contra Keita e que vinha negociando um roteiro de transição com os militares.
Setores do M5-RFP haviam exigido que o presidente indicado fosse civil, mas a liderança do grupo declarou apoio oficial a Ndaw.
“Ele é um homem de princípios, um nacionalista leal que ama o seu país. Não é manipulável”, disse Nouhoum Togo, um porta-voz do M5-RFP que trabalhou para Ndaw no Ministério da Defesa. Ele acrescentou que esperava que o primeiro-ministro indicado fosse membro do grupo.
Segundo a agência de notícias Reuters, há uma preocupação entre líderes da Cedeao e de países parceiros do Mali, como França e EUA, de que o golpe abra um precedente perigoso e enfraqueça o combate a grupos radicais islâmicos que controlam partes ao centro e ao norte do país.
Os franceses têm mais de 5.000 militares na região.
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