Novo acordo mantém coalizão de direita e evita eleição antecipada na Polônia

Homem forte do partido Lei e Justiça, ex-primeiro-ministro Jaroslaw Kaczynski impõe redução de ministérios

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Bruxelas

A reorganização do governo evitou um racha na coalizão partidária que exerce o poder na Polônia. A estabilidade do grupo havia sido abalada na madrugada do dia 18, quando partidos menores votaram contra um projeto de bem-estar animal proposto pelo ex-primeiro-ministro Jaroslaw Kaczynski.

Líder do partido governista Lei e Justiça (PiS), maior agremiação da Polônia, Kazcynski é o político mais poderoso do país, embora não exerça nenhum cargo no governo.

Agora, cogita-se que ele assumirá como vice-primeiro-ministro, embora sua participação não faça parte do acordo assinado entre os partidos na manhã deste sábado.

Homem de terno preto em frente a duas bandeiras vermelhas e brancas recebe documento para assinar
O líder do partido governista polonês Lei e Justiça, Jaroslaw Kaczynski, assina o acordo da coalizão de direita - David Zuchowicz/Agencja Gazeta/via Reuters

Com a coalizão Direita Unida preservada, o PiS evita cenários mais desfavoráveis, como o de exercer um governo de minoria (no qual estaria mais suscetível a votos de desconfiança) ou ver-se obrigado a antecipar eleições gerais, marcadas para 2023.

“Temos três anos pela frente até as próximas eleições parlamentares, e estou absolutamente certo de que esses anos serão bem gastos pela Polônia”, afirmou Kaczynski antes de assinar o novo acordo.

O documento confirma a redução no número de cargos de vice-ministros, secretários e subsecretários, projeto de Kazcynski que foi um dos motivos da insubordinação, na votação de sexta, de seu ultraconservador ministro da Justiça, Zbigniew Ziobro, do partido Polônia Solidária.

A expectativa era de que o número de ministérios caísse de 20 para 14, reduzindo de 2 para 1 os postos ocupados pelos partidos menores na coligação, o Acordo e o Polônia Solidária. Segundo o anúncio do PiS, os partidos declararam no acordo “estreita cooperação dentro da bancada parlamentar”.

Sozinho, o PiS tem 197 dos 460 deputados. A maioria no Parlamento é obtida com 19 membros do Polônia Solidária, 18 do Acordo e 1 do Partido Republicano.

Ainda sem todos os detalhes sobre a nova coalizão, analistas políticos divergiam sobre os maiores perdedores ou ganhadores do estremecimento bloco governista.

Para o especialista em estratégia Maciej Kisilowski, professor da Universidade da Europa Central, “o PiS desmantelou tantos freios e contrapesos constitucionais que, de repente, os líderes partidários começaram a temer o poder desenfreado de seu próprio ministro da Justiça”.

Kisilowski acredita que os conflitos dentro do regime devem se tornar “mais fortes e perigosos para todos os envolvidos, porque o sistema autoritário não oferece instituições eficazes para gerenciá-los de maneira ordeira”.

Para os analistas, Kazcynski perde se precisar ingressar no governo para manter a paz na coalizão, porque passa a ser vidraça em vez de apenas eminência parda.

Já o atual ministro da Justiça, segundo eles, sai chamuscado da tentativa de mostrar independência na votação da semana passada. Além de quase inviabilizar a coalizão, sua pasta pode ser uma das mais esvaziadas, pois passaria para a supervisão de Kazcynski se o líder virar vice-primeiro-ministro.

O líder do PiS tem resistido a tentativas de Ziobro de empurrar a pauta política do governo mais para a direita, com restrições às ONGs e a direitos dos LGBT.

O ministro da Justiça é o responsável pela proposta de tirar a Polônia da Convenção de Istambul (contra a violência doméstica), que chama de "criação feminista que visa justificar a ideologia gay".

PiS e Polônia Solidária, porém, estão unidos no objetivo de aumentar o controle sobre a mídia, expulsando empresas estrangeiras.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.