Descrição de chapéu Eleições EUA 2020

Em eleição acirrada e com antecipação do voto, participação nos EUA deve ser a maior em 120 anos

US Elections Project estima que 160 milhões tenham votado, 23 milhões a mais do que em 2016

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O resultado da eleição presidencial americana ainda era desconhecido na manhã desta quarta (4), mais de 12 horas após as primeiras urnas fecharem, mas uma coisa era certeira: o comparecimento dos eleitores neste 3 de novembro foi histórico, e, segundo o US Elections Project, que monitora o índice, deve bater os 160 milhões.

Se o número se confirmar, terão votado 67% dos americanos aptos a fazê-lo. O percentual pode parecer baixo se comparados, por exemplo, com os do Brasil, onde quase 80% dos 147 milhões de eleitores votaram em 2018. Mas é preciso lembrar que nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil, o voto não é obrigatório.

Desde o início do século passado, o comparecimento às urnas jamais chegou a 70% do eleitorado. Estima-se que neste ano 239,2 milhões dos 328,1 milhões de americanos estejam aptos a votar (são cidadãos e maiores de idade).

Na eleição passada, uma das que mais atraíram eleitores nas últimas décadas, 60,1% foram às urnas escolher entre Donald Trump e Hillary Clinton. Com Barack Obama e John McCain, em 2008, foram 61,6,%.

Na fatídica eleição de George W. Bush em 2000, que precisou da Suprema Corte, 54,2 dos americanos votou (ainda assim, índice maior do que a baixa história, em 1996, quando 51,7% participaram da disputa entre o democrata Bill Clinton, o republicano Bob Dole e o independente Roos Perot).

Os percentuais tendem a ser ainda mais baixos quando um dos candidatos é um presidente que tenta a reeleição.

Na contracorrente, a disputa entre Donald Trump e Joe Biden pode vir a ser a que mais atraiu eleitores desde que William McKinley e William Jennings Byran se enfrentaram em 1900 (McKinley seria assassinado no ano seguinte e substituído pelo vice, Theodore Roosevelt).

Naquele ano, votaram 73,7% dos eleitores, mas o grupo excluía mulheres, cujo direito ao sufrágio só seria conquistado quase 19 anos depois —ou seja, se olhada a proporção dos votantes na população total, a de hoje é muito maior. Há dois motivos para essa hiperparticipação em 2020.

O primeiro é a crescente polarização da sociedade americana. O medo e a raiva do outro, do adversário, foi novamente um dos combustíveis da campanha, alimentado pela circulação de informações falsas e pela sensação de que a política política de turno, cada vez mais, tende a excluir aqueles que não se alinham a ela.

O segundo é a possibilidade de votar pelo correio ou de forma presencial antecipadamente, alargada e incentivada por causa da pandemia do novo coronavírus, a fim de evitar aglomerações em sessões eleitorais em um país onde mais de 230 mil já morreram em decorrência da Covid-19.

A maioria dos eleitores, aliás, preferiu essa modalidade: segundo o US Elections Project, foram 100,3 milhões de votos antecipados.

Nos EUA, o dia da eleição, sempre na primeira terça-feira de novembro, não é feriado. Os empregadores não têm obrigação de dispensar seus funcionários, e nem todos compensam o dia de trabalho.

Por isso, votar nos EUA muitas vezes é uma questão de cálculo financeiro, uma conta entre a diferença que o cidadão acha que o voto dele fará e o custo de se perder um dia de trabalho ou se locomover até uma sessão eleitoral nem sempre próxima, especialmente em locais menos populosos. Esta, aliás, é uma das contas que os grupos políticos fazem quando tentam desestimular o potencial eleitorado do oponente de ir até as urnas.

Removida a amarra de se estar na sessão eleitoral em um determnado dia útil, muito mais americanos decidiram participar do processo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.