Um livro dedicado ao líder da ultradireita italiana, o senador Matteo Salvini, lidera as vendas no país. Mas o que poderia ser um elogio na realidade é uma piada: a obra tem 110 páginas em branco.
"Por que Salvini merece confiança, respeito e admiração", afirma o título do livro, com capa preta sóbria e assinado por "Alex Green, analista político".
Lançada em fevereiro de 2019, ao preço de 6,99 euros (R$ 43,83), a publicação atingiu a liderança de vendas no ranking da Amazon para a Itália.
Entre o título e o nome do autor, um comentário: "Agradavelmente honesto".
A apresentação do livro pelo autor no site da Amazon segue a mesma linha irônica: "Este livro está repleto de páginas em branco. Apesar de anos de pesquisa, não temos nada a dizer sobre o tema, assim não hesite em usá-lo para tomar notas". A Amazon explica que "Alex Green é o pseudônimo de um autor que busca viver com humor a vida, sobretudo, em momentos difíceis".
Líder do partido Liga, Salvini é conhecido por seu apoio ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e por sua linha dura contra os imigrantes quando foi ministro do Interior no primeiro mandato do atual premiê, Giuseppe Conte, de junho de 2018 a setembro de 2019.
Na última eleição italiana, realizada em 2018, a Liga saiu como o partido mais votado e o com mais cadeiras no Parlamento. Sem maioria, porém, a sigla negociou com o partido antissistema Movimento Cinco Estrelas uma coalizão para governar o país.
Pelo acordo, o Cinco Estrelas indicou Conte, um nome técnico e sem experiência política, como primeiro-ministro, enquanto Salvini assumiu o Ministério do Interior e se tornou o número dois do governo.
Com a popularidade em alta, o líder da Liga resolveu romper com o parceiro no meio do ano passado.
O objetivo de Salvini era forçar a realização de novas eleições, já que as pesquisas indicavam que seu partido poderia conquistar a maioria das cadeiras no pleito —o que faria dele o novo premiê.
A aposta, porém, deu errado. Exatamente para evitar o fortalecimento da ultradireita, o Cinco Estrelas e o Partido Democrata, de centro-esquerda, fecharam um acordo que manteve Conte no comando do país.
As pesquisas de opinião mais recentes mostram, inclusive, que a popularidade de Salvini tem caído nos últimos meses durante a pandemia de coronavírus.
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