Descrição de chapéu Financial Times Coronavírus Governo Biden

Em 1º dia de Biden, EUA aderem a consórcio global de vacina contra a Covid-19

Novo governo americano anuncia que integrará a Covax, programa de imunização da OMS ignorado por Trump

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Donato Paolo Mancini
Roma | Financial Times

O governo de Joe Biden vai se unir aos esforços globais para disponibilizar vacinas e medicamentos contra a Covid-19 em todo o mundo, em uma ação que reverte a posição adotada por seu antecessor, Donald Trump, e inaugura uma nova era na diplomacia sanitária.

Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA, disse na quinta-feira (21) que o país vai aderir ao programa Covax, da OMS (Organização Mundial da Saúde), para “promover os esforços multilaterais” para barrar a propagação do coronavírus.

Durante reunião da OMS em Genebra, Anthony Fauci (em transmissão online) anuncia que os EUA vão permanecer na entidade e passarão a integrar o Covax
Durante reunião da OMS em Genebra, Anthony Fauci (em transmissão online) anuncia que os EUA vão permanecer na entidade e passarão a integrar o Covax - Christopher Black/World Health Organization/AFP

Ao conselho executivo da OMS um dia após a posse de Biden como presidente Fauci declarou que se sente honrado por dizer que os EUA continuarão a fazer parte da entidade. “Os EUA estão preparados para trabalhar em parceria e solidariedade para apoiar a resposta internacional à Covid-19, mitigar seu impacto sobre o mundo, reforçar nossas instituições, promover o preparo epidêmico para o futuro e melhorar a saúde e o bem-estar de todas as pessoas em todo o mundo”, disse o imunologista.

Trump, que deixou a Casa Branca na quarta-feira (20) após quatro anos, havia dito que os EUA iriam deixar a organização sediada em Genebra. Ele acusou a OMS de favorecer a China e de não agir com agilidade suficiente para avisar o mundo sobre a pandemia. A iniciativa faz parte do esforço inicial de Biden para desfazer boa parte do legado do antecessor e para retornar os EUA a uma postura mais internacionalista.

O esforço também incluiu o anúncio, feito no primeiro dia da nova administração, de que o país vai voltar a participar do acordo climático de Paris. Em seu discurso de posse, o novo presidente disse que o país vai liderar o mundo “não apenas com o exemplo de nosso poder, mas com o poder de nosso exemplo”.

Em relação à OMS, Fauci disse que os EUA retomarão seu “engajamento regular” com o órgão e que pretendem cumprir suas obrigações financeiras. Também endossou a missão da OMS à China para investigar a origem do vírus. “É imperativo aprendermos e fazermos uso de lições importantes sobre como podem ser evitados eventos pandêmicos futuros”, disse Fauci. “A investigação internacional precisa ser robusta e clara, e estamos ansiosos para avaliá-la.”

O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, saudou a volta dos EUA à organização. “Este é um bom dia para a OMS e para a saúde global”, disse. “Precisamos trabalhar juntos como uma só família.” Jeremy Farrar, diretor da organização médica beneficente Wellcome Trust, elogiou a iniciativa dos EUA de participar da Covax, dizendo que uma colaboração internacional forte será “a chave para acabar com esta pandemia no menor prazo possível e melhorar a vida de milhões de pessoas em todo o mundo”.

A iniciativa Covax, que também envolve a aliança Gavi para vacinas e imunização e a Coalizão de Inovações de Preparo Epidêmico, vem tendo dificuldades para mobilizar o apoio necessário para cumprir sua missão de disponibilizar 2 bilhões de doses de vacina em todo o mundo, com distribuição equitativa.

Essa dificuldade, aliada ao nacionalismo da vacina, que tem levado países mais ricos a comprar boa parte do estoque de imunizantes, obriga nações mais pobres a negociar tratos de fornecimento independentes, deixando-os potencialmente expostos por meses sem as doses urgentemente necessárias.

Suerie Moon, co-diretora do centro de saúde global do Graduate Institute, em Genebra, disse que a reputação dos EUA foi gravemente prejudicada sob Trump, mas que o país ainda é líder global na saúde.

“[A participação dos EUA] dará à Covax grande injeção positiva de dinheiro e acesso ao estoque existente de vacinas. E, através do uso de autoridade governamental para obrigar a produção e a transferência de tecnologia, será possível fazer grandes avanços para aumentar o estoque de vacinas para o mundo.”

Tradução de Clara Allain

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