Os EUA e China entraram novamente em rota de colisão diplomática neste sábado (13), após a Casa Branca pedir a Pequim que disponibilizasse dados dos primeiros dias do surto de Covid-19, dizendo ter “grandes preocupações” com relação à investigação realizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) realizada no país.
O conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan afirmou em comunicado que é imperativo que o relatório seja independente e livre de “alterações feitas pelo governo chinês”, ecoando preocupações que vêm desde o governo do ex-presidente Donald Trump, que chegou a romper com a OMS –algo que o sucessor Joe Biden já desfez.
“Retornar à OMS também siginifica mantê-la nos mais altos padrões”, disse. “Nós temos grandes preocupações sobre a forma que as primeiras descobertas da investigação sobre a Covid-19 foram comunicadas e dúvidas sobre o processo para alcançá-las.”
Sullivan acrescentou que, para entender esta pandemia e se preparar para a próxima, “a China deve disponibilizar seus dados desde os primeiros dias do surto”.
Um porta-voz da embaixada chinesa contra-atacou com um comunicado de palavras fortes, dizendo que os EUA prejudicaram a cooperação multilateral e a OMS em anos recentes e não deveriam ficar “apontando dedos” para a China e outros países que apoiaram a organização durante a pandemia de coronavírus.
Pequim saudou a decisão dos EUA de voltar à OMS, mas disse que Washington deveria se manter “nos mais altos padrões” em vez de mirar outros países.
Uma equipe de 40 cientistas chegou em 14 de janeiro à cidade de Wuhan, onde o coronavírus foi identificado pela primeira vez, no fim de 2019. Depois de duas semanas de quarentena, o grupo visitou o mercado de Huanan, entre outros locais, e reuniu-se com especialistas do Instituto de Virologia de Wuhan, que pesquisa o vírus.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou nesta sexta-feira (12) que todas as hipóteses sobre a origem do vírus ainda estão sendo consideradas, após os EUA pedirem para revisar os dados da missão.
Os cientistas não conseguiram determinar se o epicentro da pandemia foi o mercado de frutos do mar de Huanan, mas disseram que a hipótese de que o vírus tivesse "vazado" de um laboratório é "extremamente improvável".
No ano passado, a gestão de Trump afirmou que suspeitava que o coronavírus tivesse surgido em um laboratório no país asiático, o que a China nega veementemente.
Pequim recusou fornecer à missão da OMS dados brutos sobre os primeiros casos de Covid-19, segundo um dos investigadores, potencialmente dificultando esforços para entender como a pandemia começou.
O grupo havia solicitado os dados de pacientes de 174 casos que a China identificou como sendo da fase inicial do surto na cidade de Wuhan, em dezembro de 2019, bem como de outros casos, mas só recebeu um resumo, afirmou à Reuters o especialista australiano em doenças infecciosas Dominic Dwyer afirmou à agência de notícias Reuters. Ele integrou a missão da OMS.
O comunicado da embaixada chinesa não citava a questão dos dados. A OMS não respondeu ao pedido de comentários feito pela Reuters.
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