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China terá passaporte digital para quem se vacinou ou está sem o coronavírus

Ideia é criticada pela OMS e visa facilitar circulação de pessoas; país amplia imunização

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São Paulo

A China anunciou que vai introduzir um passaporte digital para facilitar o trânsito de pessoas já vacinadas contra a Covid-19 e que não são portadoras do novo coronavírus.

Ao mesmo tempo, o país respondeu às críticas de que prioriza a diplomacia da vacina lançando uma campanha de imunização para chineses que moram no exterior, incluindo locais como a contestada ilha de Taiwan.​

Moradores de Hong Kong recebem a vacina Coronavac em centro de imunização
Moradores de Hong Kong recebem a vacina Coronavac em centro de imunização - Paul Yeung - 23.fev.2021/Pool/AFP

Os anúncios foram feitos pelo chanceler chinês, Wang Yi, em entrevista durante o encontro do Congresso Nacional do Povo, uma das Duas Sessões que coroam o ano legislativo da ditadura chinesa —a outra é de um órgão consultivo.

Segundo Wang, está sendo finalizado um passaporte digital que dará à China e a outros países a possibilidade de checar o resultado de testes de presença do vírus (RT-PCR) e também se o viajante já recebeu alguma das vacinas no mercado.

Ele não deu detalhes sobre como isso funcionaria em relação a outros países, mas afirmou que "a privacidade pessoal estará totalmente protegida".

A iniciativa vem sendo discutida em outros países e é polêmica. A Organização Mundial da Saúde se posicionou em fevereiro de forma contrária aos passaportes neste momento devido a questões técnicas, como a dúvida sobre a sua precisão em especial com as novas variantes do vírus à solta e sobre o fato de que o vírus segue transmissível em vacinados.

Há considerações éticas também, dada a desigualdade na distribuição mundial de vacinas.

Ainda assim, esse tipo de controle parece ser uma tendência. País que mais vacinou sua população, proporcionalmente, Israel instituiu o "passaporte verde" para uso doméstico —um aplicativo aponta quem recebeu duas doses do imunizante ou teve a Covid-19, abrindo as portas para centros comerciais, hotéis, academias e afins.

País onde a pandemia emergiu, no fim de 2019, a China foi bem-sucedida no controle e no impacto do coronavírus.

Seu programa de vacinação, contudo, anda a passos lentos devido ao tamanho de sua população —a maior do mundo, com 1,4 bilhão de pessoas, das quais 52 milhões (3,75%) já foram inoculadas.

Assim, Wang anunciou a Ação da Muda da Primavera, buscando estender a vacinação para cidadãos chineses no exterior —eles formam grandes minorias em locais como Taiwan e Singapura.

O caractere chinês para muda é o mesmo usado para vacina. "Ninguém será deixado para trás sob nossa diplomacia para o povo", disse Wang, reforçando contudo que a China continuará a apoiar programas de vacinação em outros países.

São chineses os principais imunizantes usados hoje no Brasil, Indonésia e Turquia, por exemplo. Nesses casos, trata-se de vacinas compradas, mas lotes foram doados para nações mais pobres, como Iraque, Paquistão e Zimbábue, como parte do esforço geopolítico da China em melhorar sua imagem internacional.

Dois territórios chineses semiautônomos, Hong Kong e Macau, também receberam doses vindas do governo central da ditadura.

Tal inicativa também ocorre na Rússia, que já viu sua Sputnik V aprovada em 46 países, e na Índia —que tem um desafio semelhante ao chinês para imunizar 1,3 bilhão de pessoas, mas exporta insumos e vacinas prontas.

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