Incêndio em hospital contra Covid-19 mata ao menos 82 em Bagdá

Fogo teve início após explosão de tanque de oxigênio

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Bagdá | AFP e Reuters

Um incêndio em um hospital para pacientes de Covid-19 em Badgá, no Iraque, deixou ao menos 82 mortos e 110 feridos na madrugada deste domingo (25).

O incêndio no hospital Ibn al-Khatib foi causado pela explosão de um cilindro de oxigênio. Muitas das vítimas estavam internadas com ventilação mecânica quando a explosão ocorreu, causando o fogo que se espalhou rapidamente pelo local.

Um homem que visitava o irmão afirmou à agência Reuters que viu pessoas pulando pelas janelas para escapar das chamas. "Levei meu irmão para a rua. Depois voltei e fui para o último andar, que não queimava. Encontrei uma garota de cerca de 19 anos de idade sufocando, prestes a morrer", afirmou Ahmed Zaki. "Coloquei ela sobre os meus ombros e corri. Pessoas estavam pulando. Doutores caíam nos carros. Todo mundo estava pulando. E eu continuava subindo, pegando pessoas e descendo", segue Zaki.

Pacientes sobreviventes foram transferidos para outros hospitais, mas muitos parentes aguardavam ao lado do Ibn al-Khatib horas depois de o fogo ser controlado —sem ter encontrado seus familiares.

O primeiro-ministro Mustafa al-Kadhimi decretou três dias de luto nacional e ordenou a abertura de uma investigação. "Um incidente como esse é a evidência de negligência. Portanto, ordenei que seja lançada uma investigação imediatamente e que o gerente do hospital e seus chefes de segurança e manutenção sejam detidos, junto com outros responsáveis, até que identifiquemos os negligentes e o responsabilizemos", disse ele em uma nota. Os funcionários estão sendo interrogados.

O ocorrido gerou uma onda de indignação, depois que fontes médicas atribuíram a tragédia à negligência. "Renúncia do ministro da Saúde" era o assunto mais comentado no Twitter no Iraque após o ocorrido.

"O hospital não tinha sistema de proteção contra incêndios, e os tetos falsos permitiram que o fogo se propagasse para produtos altamente inflamáveis", afirmou a Defesa Civil. "A maioria das vítimas morreu porque foi deslocada sem estar ligada a respiradores, e outras, sufocadas pela fumaça."

Vídeos em redes sociais mostram bombeiros tentando apagar as chamas enquanto os doentes e suas famílias tentam deixar o prédio. [O incêndio] é um "crime", denunciou a Comissão Governamental de Direitos Humanos do país. "[Um crime] contra pacientes exaustos pela Covid que colocaram suas vidas nas mãos do Ministério da Saúde e que, em vez de serem curados, morreram nas chamas".

O grupo apelou ao premiê iraquiano que exonere o ministro da Saúde, Hassan al-Tamimi, e o leve à Justiça. O mesmo foi exigido pelo presidente da República, Barham Saleh, e pelo chefe do Parlamento, Mohamed al Halbusi. Mais tarde, o premiê ordenou a suspensão do ministro ao menos até a conclusão do inquérito. A missão da ONU no Iraque expressou "sua dor" e se declarou "chocada" com a tragédia.

O sistema de saúde iraquiano foi arruinado por décadas de sanções, guerras e negligência. Com escassez de medicamentos, médicos e hospitais, o país superou na quarta (21) um milhão de casos de Covid-19.

Por outro lado, registra número de mortos relativamente baixo, provavelmente porque sua população é uma das mais jovens do mundo. Segundo o Ministério da Saúde, 1.025.288 iraquianos foram infectados desde o surgimento do coronavírus no país, em fevereiro de 2020, dos quais 15.217 morreram.

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