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China veta escaladas ao Everest para evitar contaminação por coronavírus

País teme contato com alpinistas vindos do Nepal, que enfrenta alta de casos

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Xangai e Pequim | AFP e Reuters

A China vetou a escalada do monte Everest a partir de seu território, para evitar o risco de contágios pelo coronavírus. A escalada ao topo da montanha mais alta do mundo fica mais fácil no meio do ano, quando o clima melhora e há mais dias de céu claro, o que naturalmente atrai mais alpinistas. A temporada de escaladas de 2021, a partir da China, no entanto, ficará suspensa, e o veto não tem data para acabar.

Tendas de alpinistas em acampamento-base em Solukhumbu, perto do monte Everest - Prakash Mathema - 3.mai.21/AFP

O topo do Everest, que fica a 8.849 metros de altura, também pode ser alcançado a partir do Nepal, que manteve a rota aberta. O país emitiu 408 autorizações para alpinistas, enquanto a China tinha autorizado apenas 21 neste ano —agora, elas foram anuladas.

O Everest já foi escalado por mais de 6.000 pessoas desde 1953, quando a primeira expedição atingiu seu cume, e ao menos 311 alpinistas morreram na jornada rumo ao topo. Devido à pandemia, a escalada do monte estava proibida desde o ano passado, mas recentemente o Nepal voltou a liberar a atividade.

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A China foi o primeiro país a ser atingido pela Covid-19, mas conseguiu controlar o contágio. Na sexta (14), havia apenas 285 casos de coronavírus no país, segundo dados oficiais, em uma população de 1,4 bilhão de habitantes. Ao todo, o país asiático registrou 103 mil casos e 4.858 mortes desde o início da crise.

Já o Nepal enfrenta um momento duro da pandemia. O número de casos novos diários, que não alcançava 200 no início de abril, agora chega a quase 9.000. No total, o país de 28 milhões de habitantes registrou 440 mil casos de coronavírus e 4.669 mortes. O Nepal também faz fronteira com a Índia, que registra recordes de casos há algumas semanas, além de cerca de 4.000 mortes diárias.

De acordo com o jornal The New York Times, o acampamento onde os alpinistas ficam no Nepal antes de concluir a escalada teve, recentemente, um surto de coronavírus, e muitos foram contaminados. Dezenas de pessoas tiveram que ser resgatadas de helicóptero e levadas a hospitais da capital, Katmandu, após apresentarem sintomas enquanto subiam a montanha.

A reabertura ajuda a movimentar o turismo do Nepal. Só a autorização para a escalada custa US$ 10 mil (R$ 52 mil) por pessoa. Fora isso, é preciso pagar guias locais e alojamentos, em uma jornada que leva mais de um mês. Antes de subir ao topo, é preciso fazer um processo de aclimatação à altitude, por três semanas. Antes da pandemia, agências vendiam pacotes para a escalada por cerca de R$ 250 mil.

No domingo (9), a China já havia anunciado a instalação de uma barreira no topo do Everest, para impedir que alpinistas vindos do Nepal entrem em seu território, como forma de conter o coronavírus. Tradicionalmente, os viajantes dos dois lados se encontravam nesse espaço, sem restrições. No entanto, o governo chinês não detalhou como será essa barreira nem deu prazos para sua colocação.

Em 2019, antes da pandemia, houve fila de alpinistas que tentavam chegar ao topo, e a situação gerou ao menos 11 mortes. O engarrafamento em rotas estreitas levou a paradas forçadas em áreas chamadas de "zonas da morte", que ficam a mais de 8.000 metros acima do nível do mar. Ali, não há oxigênio suficiente no ar, e é preciso usar cilindros próprios para respirar. Se a viagem leva mais tempo do que o planejado, o suprimento pode acabar, gerando morte por falta de oxigênio.

Além disso, há risco de congelamento, exaustão e de outras doenças relacionadas à altitude. A arte abaixo explica o que aconteceu nos congestionamentos de 2019 e detalha como é feita a escalada.

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