Sobe para 11 o número de mortos em desabamento de prédio na Flórida

Equipes de resgate entram no quarto dia de buscas, enquanto 150 pessoas seguem desaparecidas

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Surfside (Flórida) | Reuters

Subiu para onze o número de mortos no desabamento de um prédio em Surfside, cidade ao norte de Miami Beach, no estado americano da Flórida. No quinto dia de buscas pelas vítimas em meio a montanhas de escombros, 150 pessoas ainda estão desaparecidas.

"Todos os que são necessários estão no local fazendo o trabalho [de busca], e continuamos nossos esforços para encontrar pessoas vivas", disse a prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava.

As autoridades disseram ter esperança de ainda encontrar sobreviventes. Com a ajuda de cães treinados, sonares, drones e equipamentos de varredura infravermelha, as equipes têm a expectativa de que as pessoas possam sobreviver em bolsas de ar que costumam se formar entre os escombros em circunstâncias semelhantes.

Equipes de resgate trabalham em área onde prédio desabou em Surfside, na Flórida - Giorgio Viera - 27.jun.21/AFP

Mais cedo neste domingo, princípios de incêndio sob as toneladas de aço e concreto produziram uma fumaça densa que atrapalhou o trabalho das equipes de resgate. O fogo foi controlado, e as operações continuaram normalmente. "A coisa mais importante agora é a esperança", disse o chefe dos bombeiros, Alan Cominsky. "É isso que nos motiva. É uma situação extremamente difícil."

Algumas famílias de desaparecidos forneceram amostras de DNA às autoridades, para facilitar o trabalho de identificação das vítimas que venham a ser resgatadas. A polícia divulgou os nomes de quatro vítimas com idades entre 54 e 83 anos.

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O brasileiro Erick de Moura, 40, morador do Champlain Towers South, contou à agência de notícias Reuters que deveria estar em casa quando o prédio desabou, mas sua namorada o convenceu a passar a noite na casa dela, a menos de 3 km de distância, em Miami Beach. "Só por Deus. Para mim, isso é um milagre."

Uma criança brasileira de cinco anos e seu pai, o italiano Alfredo Leone, estão entre os desaparecidos na tragédia. A mãe do garoto, Raquel Oliveira, estava visitando familiares em uma cidade no estado do Colorado no momento do colapso. Em seu perfil no Facebook, ela diz que o marido e o filho estavam dormindo quando o prédio desabou e que aguarda notícias deles.

Fotografias dos desaparecidos foram colocadas em uma cerca próxima, junto com flores e mensagens de solidariedade a amigos e familiares. No sábado (26), um grupo de pessoas se reuniu em oração e manteve uma vigília em uma área isolada na praia pelas autoridades.

Alguns moradores permanecem no prédio idêntico ao que desabou, onde foi emitida uma ordem de evacuação voluntária. Uma inspeção da construção não encontrou sinais que indiquem danos à estrutura do edifício. "Não sei se me sentiria confortável em ficar naquele prédio", disse o prefeito de Surfside, Charles Burkett.

As autoridades locais disseram neste sábado que o condado de Miami-Dade conduzirá inspeções em todos os edifícios com mais de 40 anos nos próximos 30 dias para garantir sua segurança.

O laudo de um engenheiro que analisou o prédio em 2018 apontou que havia evidências alarmantes de "grandes danos estruturais" na laje de concreto abaixo do deck da piscina do prédio e "abundantes" rachaduras em colunas, vigas e paredes do estacionamento.

À época, o engenheiro foi contratado para ajudar a formular um projeto de reforma multimilionário, mas que ainda não havia começado, quase três anos após a constatação dos problemas.

“Embora alguns desses danos sejam pequenos, a maior parte da deterioração do concreto precisa ser reparada em tempo hábil”, escreveu Frank Morabito em seu relatório em outubro de 2018. O engenheiro não deu nenhuma indicação de que a estrutura estava em risco de desabamento, mas observou que os reparos necessários seriam destinados a “manter a integridade estrutural” do edifício e de suas 136 unidades.

Além disso, dados de satélite da década de 1990 mostraram que o prédio estava afundando de 1 a 3 milímetros por ano, enquanto os prédios ao redor estavam estáveis, de acordo com o professor da Universidade Internacional da Flórida, Shimon Wdowinski.

Gregg Schlesinger, advogado e ex-empreiteiro geral especializado em casos de falha de construção, disse que outros fatores podem ter contribuído para o colapso, mas ficou claro para ele que os problemas estruturais identificados no relatório de 2018 foram a principal causa.

Ele disse que as investigações e os processos judiciais inevitáveis ​​acabarão por pintar um quadro completo do que causou o desastre. “Sabemos de uma coisa: houve uma falha estrutural, e ela não deveria ter ocorrido."

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