Descrição de chapéu Rússia

Aliados de Navalni acusam Putin de fechar sites ligados à oposição

A cerca de dois meses das eleições parlamentares na Rússia, Kremlin busca asfixiar organizações opositoras

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Moscou | AFP

Em meio à escalada de repressão na Rússia e a menos de dois meses das eleições legislativas, aliados de Alexei Navalni, principal opositor do presidente Vladimir Putin, acusam o governo de ter bloqueado o acesso a 49 sites ligados a organizações de oposição.

Segundo denúncias feitas em redes sociais, já não é possível acessar esses portais do território russo —a agência de notícias AFP confirmou a impossibilidade de acesso ao site de Navalni.

A proibição teria vindo do serviço russo de regulação da internet e dos meios de comunicação (Roskomnadzor), órgão que, em março, determinou a redução na velocidade de acesso ao Twitter como retaliação por supostas falhas na remoção de publicações que convocavam a população a ir às ruas protestar contra o governo.

O opositor russo Alexei Navalni durante manifestação em Moscou - Shamil Zhumatov - 29.fev.2020/Reuters

Um dos que teve seu site bloqueado no país foi Leonid Volkov, aliado de Navalni que está exilado na Lituânia. Para ele, as medidas têm como objetivo asfixiar ainda mais a oposição antes das eleições legislativas de 19 de setembro, em especial devido ao fato de que o partido de Putin, o Rússia Unida, está crescendo em impopularidade. "Em breve contaremos como vamos contornar essa situação", disse Volkov em uma rede social.

Em abril, a Justiça russa, sob influência do Kremlin, ordenou a suspensão das atividades dessas mesmas organizações, sob acusação de extremismo. Meses depois, em junho, baniu efetivamente as duas principais organizações ligadas a Navalni: o Fundo Anticorrupção e uma entidade associada, a Organização de Proteção dos Direitos dos Cidadãos.

O fundo já vinha operando sob a classificação de "agente estrangeiro" desde 2019. Assim, suas contas eram fortemente auditadas, e os movimentos de seus integrantes, monitorados legalmente. Conhecida por investigações sobre atos corruptos cometidos pela elite russa, a organização era a principal responsável por convocar manifestações e organizar campanhas eleitorais.

lá fora

Receba toda quinta um resumo das principais notícias internacionais no seu email

O novo passo fecha ainda mais o cerco para a oposição, que já tem sua principal figura-chave afastada das atividades. Alexei Navalni está preso desde janeiro, quando retornou ao país 150 dias depois de ser envenenado na Sibéria e levado para tratamento na Alemanha —ele acusa presidente Putin diretamente pela tentativa de assassinato, algo que o líder russo nega.

O ativista e blogueiro está em uma colônia penal, com esquema ostensivo de vigilância, e já denunciou que funcionários lhe negaram acesso a tratamento médico adequado e adotam prática que ele comparou à tortura.

Ele é acusado formalmente de violar os termos de sua liberdade condicional ao deixar o país, ainda que a saída tenha ocorrido sob justificativa médica —ele estava em coma. O opositor teve uma sentença de prisão por fraude comutada em 2014, em uma ação que classifica como perseguição judicial.

A Justiça do país confirmou em fevereiro a sentença do ativista. No total, ele foi condenado a três anos e meio de prisão, dos quais cumpriu dez meses em regime domiciliar.

Diferentes países do Ocidente, além da Corte Europeia de Direitos Humanos, pediram que a Rússia liberte Navalni, reação que Moscou disse ser uma interferência inaceitável em seus assuntos internos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.