Bolívia diz que quadro de ex-presidente, que feriu a si mesma na prisão, é estável

Jeanine Áñez fez cortes no braço na cadeia e sofre de depressão, de acordo com familiares

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La Paz | AFP

Autoridades penitenciárias da Bolívia informaram que o quadro de saúde da ex-presidente interina boliviana Jeanine Áñez era estável neste domingo (22), depois que ela feriu a si mesma na prisão, com ao menos três cortes no pulso. Segundo familiares, ela tentou se suicidar.

“Podemos dizer, categoricamente, que sua saúde está estável. No momento, ela está com sua família no centro penitenciário. A família será um fator importante na recuperação do ânimo da detenta”, afirmou Juan Carlos Limpias, diretor do Regime Penitenciário, em entrevista.

Áñez passa por uma forte depressão decorrente de sua prisão, segundo disse sua filha, Carolina Ribera. Ela está na cadeia desde março. Um de seus advogados disse que as lesões eram uma forma de enviar "um pedido de ajuda e de socorro". O Ministro do Interior, Eduardo del Castillo, disse neste sábado (21) que ela "teria tentado [...] se infligir uma lesão" e que tinha "pequenos cortes no braço".

Opositora do ex-presidente Evo Morales, Áñez era a segunda vice-presidente do Senado e foi proclamada presidente interina por meio de uma interpretação controversa da Constituição depois de o líder indígena renunciar, em novembro de 2019. Ela deixou o poder em novembro do ano passado, após a eleição de Luis Arce, um aliado de Evo, e foi presa em março.

A ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez durante entrevista coletiva em La Paz
A ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez durante entrevista coletiva em La Paz - Ronaldo Schemidt - 15.nov.19/AFP

A ex-presidente interina, de 54 anos, é acusada, em três processos, de genocídio, terrorismo, sedição, conspiração, resoluções contrárias à Constituição e violação de deveres durante seu mandato presidencial de um ano (2019-2020).

Evo e o governo de seu aliado Arce acusam a oposição de ter promovido um golpe de Estado com apoio da Igreja Católico, da União Europeia e dos governos do argentino Mauricio Macri e do equatoriano Lenín Moreno —ambos já deixaram o poder em seus países.

Yulia Babuzhina, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, visitou Áñez neste domingo no presídio feminino, mas não deu declarações sobre a saúde da política.

Uma nota do Ministério do Interior informou que a Administração Penitenciária aceitou que um parente dormisse todas as noites na cela, acompanhando a recuperação de Áñez.

Um grupo se reuniu neste domingo nos arredores da prisão a fim de solicitar a transferência da ex-presidente para uma clínica especializada.

A família de Áñez tem pedido reiteradamente sua transferência para um hospital, onde ela possa receber tratamento médico especializado, por sofrer principalmente de hipertensão. Ela chegou a passar mal, fez exames e precisou de atendimento na última quarta.

A defesa da ex-governante teve negados pela Justiça os pedidos para que Añez fique em prisão domiciliar.

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