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Justiça argentina abre investigação contra Macri por suposto envio de armas à Bolívia

Alberto Fernández acusa antecessor de mandar material para ajudar país vizinho a reprimir apoiadores de Evo Morales

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Buenos Aires

O Ministério Público da Argentina abriu nesta sexta (16) uma investigação para apurar um suposto envio de armas e munição feito pela gestão do então presidente Mauricio Macri à Bolívia em 2019 —o material teria sido usado para reprimir apoiadores de Evo Morales, que tinha acabado de renunciar à Presidência.

A remessa teria ocorrido logo após Jeanine Añez tomar posse como presidente interina da Bolívia, em novembro de 2019, no lugar de Evo. Sua chegada ao poder, porém, foi cercada de polêmicas. De oposição, ela era a segunda vice do Senado, mas acabou alçada ao comando do país depois de Evo e a cúpula do Congresso renunciarem em meio a denúncias de fraude na eleição e manifestações contra o governo.

O ex-presidente argentino Mauricio Macri participa de fórum em Miami, na Flórida
O ex-presidente argentino Mauricio Macri participa de fórum em Miami, na Flórida - Eva Marie Uzcategui - 5.mai.21/AFP

Aliados do líder indígena e alguns analistas, entretanto, apontaram na ocasião que a medida não seguia a regra de sucessão prevista na Constituição e, por isso, consideraram que ela havia aplicado um golpe.

Por isso, milhares de pessoas foram às ruas protestar contra o novo governo, que respondeu reprimindo os atos de maneira violenta. A Justiça argentina agora quer saber se Macri enviou armas e munições para serem usadas nessa repressão. O atual presidente argentino, Alberto Fernández, tem feito coro às acusações e chegou, inclusive, a pedir desculpas ao povo boliviano pelo suposto envio do material.

Entre os investigados estão o próprio ex-líder argentino e dois de seus ministros, Patrícia Bullrich (Segurança) e Oscar Aguad (Defesa) —todos negam envolvimento no caso.

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A uma emissora local Macri disse que “foram enviados material de apoio para a segurança da nossa embaixada em La Paz, e não armas para serem usadas contra os bolivianos". Ele disse ainda que a acusação é "perseguição política para desviar a atenção da situação econômica e sanitária em um período pré-eleitoral". A Argentina terá eleições legislativas em novembro.

A denúncia feita pelo governo Fernández inclui, além do suposto envio indevido de material bélico, desvio de fundos do governo e abuso de autoridade. O procurador Claudio Navas Rial, porém, afirmou que a investigação, por ora, concentra-se no primeiro item.

A evidência apresentada pela atual gestão é uma carta, assinada pelo então comandante da Força Aérea boliviana, Gonzalo Terceros, agradecendo ao embaixador argentino no país, Ariel Basteiro, pelo envio do material. O texto fala em "cartuchos antidistúrbio” e "granadas". Macri afirma que o documento é falso.

Ao divulgar a carta, Fernández, aliado político de Evo e que o recebeu como refugiado na Argentina durante a crise boliviana, pediu desculpas ao atual governo do país vizinho.

Numa carta ao presidente boliviano, Luis Arce, membro do MAS, mesmo partido de Evo, Fernández afirmou sentir "dor e vergonha" pelo o que teria sido realizado pelo antecessor. Arce, por sua vez, escreveu nas redes sociais que repudia "o apoio do governo de Macri ao golpe de estado que vivemos em 2019". "O envio de material bélico para reprimir o povo boliviano vai contra as normas internacionais."

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